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Credit Suisse quer avançar com dois aumentos de capital para reestruturar banco
O banco suíço apresentou esta quinta-feira o plano de restruturação e reportou as contas do terceiro trimestre.
A estratégia passa por realizar uma primeira operação através da emissão de de novas ações para um número de investidores institucionais, incluindo o Banco Nacional Saudita (SNB), e depois um segundo aumento de capital, através da emissão de títulos destinado aos atuais acionistas do banco suíço.
O banco suíço avança que o SNB já se comprometeu a investir até 1,5 mil milhões de francos suíços no Credit Suisse (1,5 mil milhões de euros à taxa de câmbio atual), para obter uma participação no capital de 9,9%.
O plano de reestruturação inclui ainda a venda de uma grande parte da unidade de produtos de capital garantido a um grupo de investidores liderado pela Apollo Global Management, operação que já tinha sido antecipada pelo Wall Street Journal.
"O Credit Suisse celebrou um acordo-quadro de exclusividade para transferir uma parte significativa dos produtos de capital garantido para um grupo de investidores liderado pela Apollo Global Management", pode ler-se no comunicado referente ao plano estratégico.
Assim, "os veículos de investimento sob a gestão da Apollo e da Pimco adquiririam a maioria dos ativos de capital garantido do Credit Suisse e outras empresas financeiras relacionadas [com o banco]", acrescenta.
O plano contempla ainda o regresso ao final de 17 anos da marca First Boston como uma unidade independente de consultoria e mercado de capitais. "A futura CS First Boston prevê atrair capital de terceiros", esclarece o banco.
A instituição financeira suíça quer ainda avançar com uma unidade de venda de capital (NCU), cujo objetivo consiste em "libertar capital através da venda de negócios não estratégicos, de baixo retorno e de maior risco".
De olho na despesa, o Credit Suisse quer reduzir os custos em 2,5 milhões de francos suíços, para um total de 14,5 mil milhões de francos suíços em 2025. O banco estima que os custos de restruturação, encargos de software e imobiliário, relacionados com a transformação ascendam a 2,9 mil milhões de francos desde o quarto trimestre até 2024, que serão financiados através de alienações, saída de mercados e recursos já existentes.
Em termos de rácios de capital o objetivo é melhorar o "CET1" para mais de 13%. O banco pretende ainda que o RoTE seja mais de 8% em 2025, meta que desce para 6% no conjunto do grupo Credit Suisse.
Dentro de três anos, o banco compromete-se ainda a "criar valor para os acionistas através de dividendos significativos".
A instituição anunciou ainda que vai cortar 5% da mão de obra do grupo já no último trimestre do ano, pelo que irão sair do banco 2.700 trabalhadores durante este período. O Credit Suisse quer ainda reduzir o número de trabalhadores dos atuais 52 mil para 43 mil no final de 2025.
Resultados afundam no terceiro trimestre
A par dos detalhes do plano, o Credit Suisse divulgou igualmente as contas do trimestre. A instituição financeira registou um prejuízo 4,03 mil milhões de francos suíços no terceiro trimestre do ano, uma queda expressiva face aos lucro de 434 milhões de francos suíços arrecadados no período homólogo.
O rácio de capital "CET1" caiu para de 13,5% no final de junho para 12,6%, abaixo das estimativas dos analistas que apontavam para que este se fixasse em 13,4%.
As ações do banco seguem a reagir em baixa, tendo chegado a tombar 16% durante o arraque da sessão. Os titulos seguem entretanto a cair 12,58% para 4,164 francos suíços.
(Notícia atualizada às 11:05)