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Comissões duplicam e levam Atlântico Europa a lucros de 9,5 milhões

O Banco Atlântico Europa melhorou os resultados em 2017, mas registou uma quebra de 31% do crédito a clientes no ano, período em que os recursos de clientes somaram 8%.

Correio da Manhã
03 de Abril de 2018 às 12:53
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O Banco Atlântico Europa registou uma subida de 85% dos lucros no ano passado, um valor que foi ajudado, sobretudo, pelo aumento das comissões cobradas aos clientes. O resultado líquido do banco liderado por Diogo Cunha (na foto), alcançou os 9,5 milhões de euros em 2017, face aos 5,1 milhões do ano anterior, de acordo com o comunicado de imprensa enviado às redacções.

 

O produto bancário da instituição financeira com o principal accionista de raiz angolana fixou-se em 30,3 milhões de euros, uma melhoria homóloga de 32%. A margem financeira (base do negócio tradicional da banca, já que é a diferença entre juros cobrados em créditos e juros pagos em depósitos) deu um contributo modesto, com o crescimento de 2% para 12,4 milhões.


As comissões líquidas superaram, aliás, a margem do Atlântico Europa: ficaram em 14,5 milhões, o que representa praticamente uma duplicação em relação aos 7,3 milhões do ano anterior. A evolução é, diz o banco, "resultado do aumento do número de clientes".

 

Já os custos de funcionamento agravaram-se 27% para 15,7 milhões de euros, tanto devido aos custos com pessoal como aos encargos gerais. O banco fechou 2017 com 152 colaboradores, que comparam com os 129 do ano anterior.

 

No ano passado, as imparidades "comeram" 1,6 milhões de euros dos resultados do banco cujo presidente da administração é o empresário angolano Carlos Silva, sendo que este ano houve uma reversão que deu um contributo positivo de quase 1 milhão. Os lucros subiram, então, 85%.

 

O rácio de solvabilidade de capital do banco, detido maioritariamente Atlântico Financial Group, ficou em 17,9%, crescendo face aos 15,8% do ano anterior. A rendibilidade dos capitais próprios (ROE) foi de 16%, acima dos 9,3% homólogos, com o banco a sublinhar que é o melhor indicador desde 2009, data da constituição da entidade bancária.

 

Crédito cede 31%

Em relação ao balanço, o crédito a clientes do Atlântico Europa cedeu 31%, alcançando os 72,6 milhões de euros no ano passado face aos 104,4 milhões em 2016. Ainda assim, o activo líquido do banco subiu 3% para 1,3 mil milhões. "Esta quebra deve-se a uma política conservadora do Atlântico Europa na concessão de crédito", justifica o comunicado.

 

No relatório e contas de 2016 (não há ainda o documento do ano passado), o activo era composto sobretudo por disponibilidades em bancos centrais e activos financeiros disponíveis para venda (nomeadamente obrigações).  

 

Já os recursos totais de clientes, que inclui activos sob custodia e depósitos, somaram 8% para 1,2 mil milhões de euros.

 

Administração por entrar em funções

Nascido em 2009, o Atlântico Europa advém do angolano Banco Privado Atlântico, agora Millennium Atlântico, de que o BCP é accionista. Carlos Silva é o presidente da administração e Diogo Cunha o líder executivo. Ambos estão nas listas entregues pela instituição financeira para o mandato 2017/2020, que, no final de Março, aguardavam autorização junto do Banco de Portugal. 


Carlos Silva - que vai deixar de ser vice-presidente do BCP mas quer continuar no Atlântico Europa - tem sido referido na investigação judicial Fizz, que se encontra em fase de julgamento, onde o seu testemunho foi solicitado. A investigação tem o procurador da República Orlando Figueira como protagonista por, alegadamente, ter recebido pagamentos para arquivar investigações ao ex-vice-presidente de Angola, Manuel Vicente. Graça Proença de Carvalho, também administradora do Atlântico, já foi ouvida como testemunha.

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