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Caixabank quer BPI a crescer 4% ao ano em crédito e depósitos. Evolução em Portugal será orgânica
Novo plano estratégico do banco espanhol aponta para rentabilidade acima de 15%. Objetivos para a unidade portuguesa passam por crescimento orgânico.
O BPI vai aumentar as carteiras de crédito e de depósitos ao ritmo médio de 4% até 2027, estima o Caixabank, que controla 100% da instituição financeira portuguesa. Os catalães apontam para um crescimento orgânico do banco e não fazem qualquer referência a possíveis aquisições nem ao Novo Banco.
No novo plano estratégico para o período 2025-2027, o acionista único da instituição liderada por João Pedro Oliveira e Costa escreve que "procurará aumentar a fidelização dos clientes e consolidar o CaixaBank como um banco líder nos mercados internacionais, desenvolvendo o negócio nas sucursais no estrangeiro e promovendo o crescimento orgânico em Portugal através da sua subsidiária BPI".
Os catalães, que são frequentemente apontados como possíveis compradores da instituição financeira que sucedeu ao Banco Espírito Santo, voltam assim a afastar esse cenário. O Novo Banco quer avançar com uma venda mas para isso tem de esperar a luz verde do ministério das Finanças para o fim antecipado do Mecanismo de Capital Contingente (CCA, na sigla inglesa), depois de ter chegado a acordo com o Fundo de Resolução para esse objetivo. O CCA impede o Novo Banco de distribuir dividendos, o que inibe potenciais investidores.
"Em concreto, o BPI colocará no centro da sua estratégia a aquisição de clientes, a promoção de ferramentas de digitalização e inteligência artificial e o progresso em torno da sustentabilidade", lê-se no documento. As prioridades em Portugal serão "consolidar a posição no crédito à habitação e de empresas. Estima-se que o BPI obtenha um aumento de 4% da taxa de crescimento nos recursos dos clientes e no crédito, em linha com a ambição do CaixaBank. Da mesma forma, serão intensificados os projetos conjuntos com subsidiárias do grupo".
No que diz respeito ao crédito, o objetivo compara com um valor de 2% alcançado pelo BPI nos primeiros nove meses de 2024, quando a carteira cresceu 2% para 30,3 mil milhões de euros. O crédito a particulares vale mais de metade: 16,5 mil milhões de euros. O crédito malparado, medido nos critérios da Autoridade Bancária Europeia, estava nos 541 milhões de euros (1,4%). A meta para 2027 é manter-se abaixo de 2%.
Os recursos de clientes aumentaram 5%, já acima do objetivo indicada pelo acionista espanhol. Os depósitos evoluíram 4%.
Entre 2016 e 2024 o crescimento do volume de negócios foi de cerca de 3%.
O Caixabank dita, em resumo, que o foco estará no alargamento da base de clientes e das quotas de mercado, reforçando a digitalização e lançando produtos e serviços sustentáveis. Haverá ainda lugar à promoção de projetos conjuntos com outras unidades do grupo.
Nos primeiros nove meses de 2024, o BPI registou um lucro de 444 milhões de euros. O resultado representa uma subida de 14% face ao resultado obtido no período homólogo.
Em Portugal o resultado cresceu 17% para 380 milhões de euros. A operação internacional contribuiu com os outros 64 milhões: o angolano BFA foi responsável por 39 milhões de euros (menos 8% do que em setembro de 2023, explicado pela evolução do kwanza) e o BCI contribuiu com 25 milhões (mais 5%).
No próximo ano, o volume de dividendos que o BPI vai entregar ao acionista catalão deverá aproximar-se dos 517 milhões transferidos neste ano. A política da instituição é entregar 65% dos resultados em Portugal e 100% do lucro da operação em Angola e em Moçambique.
"Payout" pode atingir 60%
O grupo catalão aponta para uma rentabilidade média de 15% entre 2025 e 2027. A meta para o volume de negócios é de 4%, tal como acontece para o BPI.
Ao longo do próximo triénio, o grupo conta distribuir aos acionistas um valor balizado entre 50% e 60% do resultado líquido. O banco admite no entanto que a remuneração seja superior a isto, caso haja capital em excesso: se o rácio CET 1 (sigla para a expressão inglesa "Common Equity Tier 1") se situar acima de 12,5%, o Caixabank poderá, via dividendos ou operações de recompra de ações, fazer distribuições adicionais. O objetivo para o CET 1 situa-se no intervalo 11,5% a 12,5%.
Entre 2022 e 2024, o Caixabank distribuiu 12 mil milhões de euros em dividendos, acima dos 9 mil milhões de euros que tinha ambicionado no início daquele período.
Quanto ao custo do risco, deverá permanecer no nível atual de 0,3%, com uma cobertura em torno de 70%.
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