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BCP tem estrutura acionista "estável" mas Fosun pode perder um lugar no "board", diz a S&P

Representação da Fosun já estava, na prática, reduzida a dois elementos desde a renúncia de Julia Gu. Agência considera que a diminuição da participação do acionista chinês é neutra para a instituição financeira.

A Fosun, liderada por Guo Guangchang, tem participações no BCP, Fidelidade, REN e Luz Saúde.
Guo Guangchang lidera a Fosun, que nesta semana vendeu 5,6% da participação no BCP Rafael Marchante/Reuters
25 de Janeiro de 2024 às 17:19
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A Standard & Poors (S&P) não antecipa problemas de estabilidade na estrutura acionista do BCP, que deverá permanecer "relativamente estável" após a redução da participação da Fosun anunciada nesta semana, escreve a agência de rating numa nota publicada nesta quinta-feira. Na base da afirmação está o facto de o acionista chinês ter comunicado "a sua vontade de manter pelo menos 20% de participação, em comparação com 29,9% no final de junho de 2023".

Por outro lado, a S&P não descarta um cenário em que a representação da Fosun no conselho de administração do BCP seja "reduzida de três para dois lugares, proporcional à menor participação e alinhada com a representação do outro acionista, a Sonangol".

Na prática, essa participação já está reduzida a dois elementos desde a renúncia de Xiaoxu Gu ao cargo de vogal não executiva do Conselho de Administração do banco. A saída da gestora - também conhecida como Julia Gu - foi comunicada no passado dia 5 de janeiro.

Salientando que a estrutura acionista do BCP é pouco habitual face a outros bancos cotados na Europa, a S&P diz esperar que o banco "mantenha uma maior proporção de participações qualificadas relativamente aos seus pares – nomeadamente a Fosun (20%) e a Sonangol (19,5%) – o que implica uma menor proporção de ações em ‘free float’".

Diminuição da participação da Fosun não afeta solvabilidade


A redução da participação da Fosun não afeta a solvabilidade do BCP, entende a Standard & Poors na mesma nota.

A agência de rating afirma que a redução de cerca de 10% da participação do acionista chinês no banco (dos quais 5,6% foram na operação lançada nesta semana e 4,3% em novembro) é "largamente neutra" para o BCP. "Vemos a Fosun como um investidor financeiro", escrevem os especialistas.

A casa de notação financeira afirma que o desinvestimento da Fosun "colocou alguma pressão de curto prazo sobre o preço das ações do BCP" mas ""não representa um risco para a solvabilidade" do banco.

"A venda", continua, "parece ser uma oportunidade para o conglomerado chinês realizar alguns ganhos de capital" e melhorar a liquidez, dado que "a Fosun tornou-se acionista do BCP em 2016 e aumentou ainda mais a sua participação em 2017, quando o preço das ações era inferior ao atual".

A S&P sublinha ainda que a solvabilidade do BCP "fortaleceu-se gradualmente ao longo dos últimos seis anos", o que levou a agência a elevar os ratings da instituição financeira para a categoria de investimento, "refletindo a sua capitalização reforçada e resultados saudáveis".

A S&P estima ainda que "o rácio de capital ajustado ao risco do BCP oscile entre 8,4% e 8,7% até ao final de 2025, apoiado por uma rentabilidade do capital próprio sólida, de 12% a 14% ao longo dos próximos dois anos e por um modelo de negócio eficiente e um rácio de ‘cost-to-income’ de 35% a 40%". Avisa, no entanto, que "a deterioração da qualidade dos ativos num ambiente económico mais lento deve ser controlada, após anos de desalavancagem e uma limpeza das exposições problemáticas", calculando que "o rácio de crédito malparado manter-se-á abaixo de 5%, em comparação com a expectativa máxima de 5,6% para o sistema bancário português".

A agência termina realçando que "as necessidades de financiamento do BCP são limitadas".
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