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BCE frustra Novo Banco no alívio das exigências de capital

Frankfurt não baixou as exigências de capital ao Novo Banco como o esperado pela gestão, que ambicionava o alívio para absorver o custo das vendas de malparado e imóveis. Estas operações custarão capital, assume Ramalho.

David Martins/Correio da Manhã
08 de Janeiro de 2019 às 15:24
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O Banco Central Europeu não baixou as exigências de capital do Novo Banco ao nível do que era antecipado pela gestão de António Ramalho, segundo admitiu o próprio presidente executivo numa mensagem enviada aos trabalhadores no início de 2019.

 

"É verdade que a descida previsível dos rácios de capital impostos pelo supervisor ao banco não foi tão elevada quanto o esperado, sendo de novo absorvido pelo fim do período transitório que terminou em dezembro", admitiu Ramalho na mensagem, a que o Negócios teve acesso.

 

O Novo Banco não divulgou, seguindo aliás os restantes bancos, as exigências de capital para o próximo ano. Na nota, António Ramalho diz que houve um alívio apenas ligeiro, que apenas compensa o facto de as regras, a partir de 2019, ficarem mais rigorosas.

 

Só que não é o ambicionado. Como o Negócios já havia noticiado, a instituição financeira contava com um alívio das exigências dos rácios de capital para conseguir ter margem de capital para compensar as grandes operações de venda de herança tóxica e limitar a convocatória do Fundo de Resolução numa dimensão significativa. 

 

O Novo Banco fechou, no ano passado, a venda de uma carteira de 2.150 milhões de euros em crédito malparado e de 700 milhões de euros em imóveis e essas operações têm um impacto direto negativo quando o preço de compra é inferior ao que valor a que os ativos estão contabilizados no balanço.

 

Operações terão impacto no capital

O impacto será sentido nas contas de 2018, como aliás Ramalho assume: "Todas estas iniciativas representaram um enorme esforço humano e representarão um esforço de capital, mas permitirão ao Novo Banco mais do que duplicar o resultado operacional comercial entre 2017 e 2019".

 

O esforço de capital deverá significar uma nova injeção por parte do Fundo de Resolução. Este veículo financiado pelos bancos do sistema, dono de 25% do banco, é responsável por cobrir o mecanismo de capital contingente, que protege um conjunto determinado de ativos pelos quais a Lone Star, dona de 75% do banco, não quis assumir responsabilidade. O Fundo pode ter de colocar cerca de 3 mil milhões de euros na instituição nos próximos sete anos – nas contas de 2017, já entraram 792 milhões de euros. Por ano, há um máximo de 850 milhões que podem ser colocados pelo Fundo que, para isso, pode pedir empréstimo ao Estado português. 

 

No primeiro semestre, a estimativa inicial era a de que o Fundo tivesse de colocar 726 milhões de euros no Novo Banco. A chamada ao Fundo é, contudo, apenas feitas com base no fecho de contas de 2018, o que só deverá acontecer em Abril.

 

Novas operações de negócio

De qualquer forma, o CEO do banco herdeiro do BES acredita que as exigências do BCE acabarão por vir a ser reduzidas no futuro: "A melhoria da situação geral do banco acabará por se refletir quer nestas exigências, quer na notação de ‘rating’ pretendida".

 

"Os problemas ainda subsistem, mas não só em menor dimensão, como a solução ficou traçada e provada", continua ainda Ramalho. "Tudo o que fizemos em 2018 será aprofundado em 2019 para assegurar o destino estratégico do Novo Banco", diz o CEO, referindo-se a operações de redução de custos (balcões, operações no estrangeiro, etc), mas também a aposta nos produtos para empresas e particulares.

 

No plano para o próximo ano, está em curso a criação de duas novas unidades autónomas, a juntar-se à sucursal de Espanha, ao Best e à gestão de ativos. "Real Estate Financing", no imobiliário, e "Principal Lending", na concessão de crédito, são aquelas que são mencionadas na mensagem do CEO.

 

"O ano 2019 será um ano onde se terminará a fase de resolução dos maiores problemas do passado e onde serão cada vez mais visíveis as linhas estratégicas do Novo Banco", conclui António Ramalho, na nota datada de 7 de janeiro.

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