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Novo Banco acorda venda de crédito malparado de 2.150 milhões de euros

O Novo Banco assinou com a KKR e a Lx Investments a alienação de crédito malparado avaliado em 2.150 milhões de euros. É a maior operação de venda de malparado no país.

David Martins 
27 de Dezembro de 2018 às 16:44
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O Novo Banco acordou a venda de crédito malparado ao consórcio liderado pelos americanos da KKR, que tem um valor global de 2.150 milhões de euros. É mais do que o inicialmente avançado para esta operação. De qualquer forma, é a maior alguma vez feita em Portugal. 

"A carteira engloba aproximadamente 102 mil contratos com um valor total de 2.150 milhões de euros, sujeito a ajustamentos de perímetro usuais nestas transacções até à concretização da mesma", indica o comunicado enviado esta quinta-feira, 27 de Dezembro, à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM).

Tal como já tinha sido noticiado, a proposta da KKR ficou à frente dos restantes dois concorrentes: o Deutsche Bank e a Cerberus Capital. Só que a carteira que estava à venda no âmbito do projecto Nata ascendia a 1.750 milhões de euros de crédito malparado do Novo Banco e do seu Banco Best. Agora, o comunicado refere 2.150 milhões, pelo que o consórcio comprador adquiriu mais empréstimos do que o que o grupo tencionava alienar.  

O banco herdeiro do BES também tem à venda um portefólio de 400 milhões de euros em Espanha, o projecto Albatros, que queria concretizar até ao fecho do ano, não havendo ainda novidades em relação a esse processo autónomo. 

A KKR é uma entidade de "private equity" americana, tal como a Lone Star, que detém 75% do Novo Banco, a par dos 25% nas mãos do Fundo de Resolução. 

Negócio ainda em 2018

O banco comandado por António Ramalho conseguiu chegar a acordo antes do final do ano, como era seu objectivo. 
"Estima-se a concretização da transacção durante o primeiro trimestre de 2019, após verificação de todas as condições necessárias à sua formalização", assume o comunicado. Ou seja, sendo contabilizada este ano, vai engordar os prejuízos do banco

Isto porque o valor líquido do crédito malparado no balanço do Novo Banco, isto é, após imparidades, pode ser superior ao montante pago pelo comprador, o que terá implicações nos resultados - aliás, isso aconteceu já com a venda de imóveis que teve lugar durante o terceiro trimestre. Nem o preço pago nem o valor líquido registado no balanço são avançados no comunicado. Apenas se sabe o valor contabilístico bruto da carteira: 2.150 milhões. 

Com a operação, o Novo Banco conclui uma das suas obrigações, a que está comprometido pelo acordo do Estado com a Comissão Europeia: a diminuição do crédito malparado. No fim de Setembro, estes empréstimos de difícil recuperação totalizavam 8,46 mil milhões de euros, um rácio de 27,7% face à carteira de 30,5 mil milhões em termos brutos. Mantendo-se constante a carteira bruta, o rácio de malparado do banco poderá aproximar-se da fasquia dos 20%.

"Esta transacção representa mais um importante passo no processo de desinvestimento de activos não produtivos (NPA - "non-performing assets") e permitirá acelerar a redução de NPA", conclui a nota da instituição financeira. 

Esta é a segunda grande transacção levada a cabo pelo Novo Banco para se libertar da herança do BES. A venda de imobiliário, com valor contabilístico bruto de 716,7 milhões de euros, rendeu 388,9 milhões de euros. Só que, mesmo assim, para se adequar ao valor líquido dos imóveis, o Novo Banco teve de reconhecer perdas adicionais de 159 milhões de euros nos primeiros nove meses do ano.


 

(Notícia actualizada às 17:20)

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