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BBVA lança OPA hostil para ficar com o Sabadell

O BBVA oferece uma ação por cada 4,83 ações do banco catalão e está condicionada a uma taxa de 50% de sucesso. Caso a operação chegue a bom porto, os acionistas da Sabadell ficarão com 16% do novo gigante bancário que resultar da fusão.

BBVA
Miguel Baltazar
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Depois do "não" do banco Sabadell à proposta de fusão apresentada pelo BBVA, Espanha assiste à primeira oferta pública de aquisição (OPA) hostil - uma operação que não é previamente conhecida ou bem recebida pela sociedade visada - no setor bancário desde os anos 1980. 

A instituição financeira liderada por Carlos Torres pretende adquirir a totalidade do banco catalão, pelo que o assunto passa agora para as mãos dos acionistas. O BBVA oferece uma ação por cada 4,83 ações do banco catalão. As condições são assim as mesmas que figuravam na proposta apresentada à administração do Sabadell.


A OPA, avaliada em quase 12 mil milhões de euros e destinada à totalidade das ações da Sabadell, está condicionada a uma taxa de 50% de sucesso, o que significa que pelo menos metade dos acionistas do Sabadell têm de responder ao apelo do BBVA.

Caso a operação chegue a bom porto, os acionistas da Sabadell ficarão com 16% do novo gigante bancário que resultar da fusão.

Num comunicado, citado pela imprensa espanhola, Carlos Torres salienta que o BBVA está a "apresentar aos acionistas do banca Sabadell uma oferta que é extraordinariamente atraente, de forma a criar uma entidade de maior escala com impacto nos mercados mais importantes".

O líder do BBVA acrescenta que com a criação deste gigante bancário – que poderia ter um balanço de 1 bilião de euros e uma capitalização bolsista de 70 mil milhões de euros, que se aproximaria do valor em bolsa do Santander, de acordo com o El Economista – passaria a existir "mais capacidade de concessão de crédio" em Espanha, em concreto, de "cinco mil milhões de euros por ano".

A operação está ainda dependente de algumas formalidades. O BBVA pretende submeter o pedido de autorização para realizar a OPA em conjunto com uma nota explicativa, junto do supervisor castelhano para o mercado de capitais (CNVM), no prazo máximo de um mês. Também a autoridade espanhola da concorrência e a Prudential Regulation Authority de Reino Unido se terão de pronunciar. Além disso, será necessário que a assembleia geral de acionistas do BBVA dê luz verde à operação.

A assessoria financeira da OPA é realizada pela JPMorgan, pelo UBS e pela Rothschild. A sociedade de adovados Garrigues (também presente em Portugal) tem nas mãos a parte jurídica da operação.

A OPA acontece, depois de o Sabadell ter rejeitado os "avanços" do BBVA, pela segunda vez consecutiva. A primeira tentativa foi feita em 2020. 

Foi no dia 30 de abril, na passada terça-feira, que o BBVA confirmou que tinha enviado uma carta ao Sabadell para iniciar conversações para uma possível fusão, tendo levado as ações do banco catalão a escalar nesse dia. A proposta avaliava o Sabadell em quase 11.500 milhões de euros. 

Na altura, além das restantes condições, o BBVA ofereceu três lugares no conselho de administração ao Sabadell. No entanto, a nova oferta não contempla a presença de administradores do banco catalão no "board". 

Durante a sessão desta quinta-feira, as ações do Sabadell soma 3,14%, depois de ter chegado a escalar mais de 7% no arranque das negociações. Por outro lado, os títulos do BBVA afundam 5,87%.



"Este movimento não era esperado pelo mercado e indica que a administração do BBVA está convencida de que podem ser geradas sinergias. A verdade é que o impacto estimado do BBVA na deterioração do seu rácio de capital CET1 é muito pequeno, enquanto abre a porta a uma grande entidade em termos de quota de mercado", defende a Xtb, numa análise enviada ao Negócios.

A corretora salienta ainda que "a complementaridade entre os dois bancos é boa, com o BBVA forte a nível internacional, especialmente no México, e o Sabadell numa posição muito boa em Espanha". "Além disso, tal não afetaria a política de remuneração do banco basco", acrescenta a Xtb.


Por outro lado, "os problemas residem numa maior concentração do mercado e no risco regulamentar da operação. Recorde-se que o setor bancário já se encontra fortemente oligopolizado, com uma quota de mercado de empréstimos de cerca de 56% entre os três maiores bancos", alerta a corretora, que lembra que se "esta operação for realizada, a quota de mercado entre os três maiores bancos atingiria já 64%, o que poderia implicar uma deterioração das condições oferecidas aos clientes e uma redução significativa da concorrência".



(Notícia atualizada às 10:29 horas).

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