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Bancos globais podem perder 3,7 biliões em quatro anos
No cenário mais provável, a McKinsey projeta um queda de cerca de 14% das receitas do setor até 2024 em relação à trajetória pré-crise.
Os bancos globais podem perder 3,7 biliões de dólares em receitas nos próximos quatro anos devido ao impacto de taxas de juros muito baixas e crescimento económico fraco, que dificultam a recuperação do setor do impacto da pandemia, disse a McKinsey num relatório.
As instituições serão afetadas por perdas com empréstimos de "magnitude não vista em décadas" durante a maior parte do próximo ano. Embora a esmagadora maioria dos bancos sobreviva, as instituições enfrentarão um "profundo desafio para as operações em andamento" pelo menos durante quatro anos. No cenário mais provável, a McKinsey projeta um queda de cerca de 14% das receitas do setor até 2024 em relação à trajetória pré-crise.
"É uma receita que acabou para sempre, que não será usada para inovação, para investimento", disse Matthieu Lemerle, sócio sénior da consultora, em Londres. "É realmente algo perdido e não vai voltar", afirmou em entrevista.
A pandemia também limita o crescimento económico. Os consumidores devem pedir menos empréstimos, de acordo com Marie-Claude Nadeau, sócia da McKinsey em São Francisco. Acrescem os milhares de milhões de dólares que devem ser perdidos devido ao malparado no próximo ano.
A McKinsey calcula que as provisões globais para perdas com empréstimos irão aumentar para cerca de 1,9% do total - acima dos cerca de 1,4% de 2009, quando as perdas atingiram o pico após a crise financeira.
"O período de taxas de juros de 0% está a ser prolongado pela crise económica e irá reduzir as margens de juros líquidas", disse Nadeau em entrevista. "A troca entre reconstruir a base de capital e pagar dividendos será gritante."
O setor gerou 5,5 biliões de dólares em receitas em 2019, sendo que os segmentos de retalho e empresas responderam por dois terços do total. A McKinsey prevê que esses segmentos vão crescer à mesma taxa do PIB regional.
Para manterem a rentabilidade, os bancos terão de se reposicionar de uma forma que não previam há nove meses, à medida que a pandemia acelera tendências que já começavam a ameaçar o setor. Entre elas estão a desglobalização, a ascensão das fintechs e a maior urgência de sustentabilidade social e ambiental.
"Para se recuperar desse longo inverno, os bancos terão que se adaptar a essas tendências muito mais rápido do que pensavam", disse Nadeau, que destacou mudanças na tomada de decisões, maior foco no cliente e adoção mais rápida de ferramentas digitais.