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Bancos americanos não estão preparados para a próxima crise

As provisões de malparado estão tão baixas como em 2008.

Reuters
20 de Julho de 2019 às 14:00
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As reformas adotadas pelos Estados Unidos após a crise financeira de 2008 deveriam assegurar que os bancos estivessem mais bem preparados para suportar as perdas com os chamados créditos podres.

 

Estão preparados? Num importante aspecto, nem por isso.

 

Quando os bancos concedem empréstimos, sabem que alguns deles nunca serão pagos. Para estarem preparados e refletirem melhor o verdadeiro valor dos empréstimos nos seus livros, os bancos fazem provisões contra perdas esperadas. Idealmente, essas reservas são a primeira linha de defesa numa crise, fornecendo um amortecedor antes que as perdas comecem a corroer o capital de um banco.

 

No entanto, na crise mais recente, o mecanismo não funcionou como devia. Quando a economia estava em expansão e os níveis de perdas eram baixos, os bancos fizeram provisões insuficientes, supondo que as coisas continuariam da mesma forma. Por isso, quando os índices de inadimplência dispararam, as instituições financeiras tiveram de correr para elevar as reservas de uma só vez. Esse provisionamento levou a perdas líquidas e corroeu o capital dos bancos precisamente no momento em que mais precisavam dele.

 

Agora, a economia está longe de uma longa expansão, e sinais de excesso aparecem novamente, desta vez, principalmente em empréstimos corporativos. Perante isto, os bancos estão mais bem preparados?

 

Embora tenham mais capital, o volume ainda não é suficiente para que enfrentem uma crise grave. E os bancos não parecem estar a proteger esse capital fazendo mais provisões para perdas com empréstimos. Em março, as reservas dos maiores bancos dos EUA (os que contam com mais de 500 mil milhões de dólares em ativos) respondiam por 1,2% do total dos empréstimos. É mais ou menos onde estavam antes de serem atingidos pela última crise.

 

Os bancos não são inteiramente culpados. No passado, os reguladores castigaram as instituições pelo provisionamento excessivo, alegando que estavam a manipular as reservas para melhorar a aparência dos lucros. As atuais regras contabilisticas permitem que os bancos aumentem as provisões somente quando as perdas são prováveis ??- o que normalmente significa que os empréstimos já devem estar vencidos há mais de 90 dias. Por isso, caso quisessem estar melhor preparados, poderiam ter problemas.

 

A boa notícia é que, após anos de análise, as autoridades contabilisticas estão a mudar as regras. A partir do próximo ano, exigirão que os bancos analisem o ciclo, fazendo provisões com base em quanto esperam perder durante a vida útil das suas carteiras de empréstimos. Se os bancos responderem aumentando as provisões, o impacto nos lucros será temporário. Mas todo o sistema estará mais resistente quando a próxima crise chegar.

 

Infelizmente, as organizações que fazem lobby em nome dos bancos estão a tentar suspender ou pelo menos atrasar a reforma. Projetos de lei apresentados tanto na Câmara dos Deputados dos EUA como no Senado bloqueiam a mudança e exigem mais estudos - embora análises mostrem que a alteração funcionará conforme o planeado e grande parte do mundo já tenha adotado reformas semelhantes.

 

Esperemos que os parlamentares usem melhor o seu tempo e que a nova regra resulte em mais prudência.

 

Esta coluna não reflete necessariamente a opinião do conselho editorial ou da Bloomberg LP e seus proprietários.

 

(Texto original: One Way Banks Aren’t Ready for the Next Crisis)

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