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Banco da CGD em Cabo Verde distribuiu 2,50 euros por ação face a lucros de 2020
O Banco Comercial do Atlântico (BCA), o maior de Cabo Verde, detido pelo grupo Caixa Geral de Depósitos, decidiu aplicar 25% dos lucros de 2020 em dividendos aos acionistas, no valor de 2,50 euros por ação.
24 de Dezembro de 2021 às 11:14
De acordo com uma informação do banco consultada esta quinta-feira pela Lusa, a decisão de pagar dividendos foi tomada em assembleia geral extraordinária realiza a 10 de dezembro e concretizada na segunda-feira passada.
O BCA reservou, assim, 25% dos lucros, equivalente a 370.409.544 escudos (3,3 milhões de euros), para distribuição de dividendos do exercício de 2020, no valor de 279,604 escudos (2,52 euros) por ação.
Desde 2019 que a CGD tem em curso o processo de venda da participação no BCA, optando por ficar no mercado cabo-verdiano apenas com o Banco Interatlântico. Esta venda da participação no BCA, que no total ultrapassa um peso de 59%, estava prevista no plano estratégico da CGD para 2017-2020, não sendo conhecido qualquer desenvolvimento.
A Lusa noticiou em junho que o BCA registou lucros de mais de 13 milhões de euros em 2020, um aumento de 26,7% face ao ano anterior. Segundo o relatório e contas da instituição, apesar do resultado líquido do exercício de 2020, a administração do BCA tinha então decidido seguir, pelo segundo ano consecutivo, a recomendação do Banco de Cabo Verde (BCV) de não distribuir dividendos aos acionistas, para mitigar eventuais efeitos da pandemia de covid-19.
No documento, que confirmou um resultado líquido histórico em 2020 -- o maior lucro em 28 anos - de 1.482 milhões de escudos (13,4 milhões de euros), um crescimento de 26,7% face aos lucros de 1.170 milhões de escudos (10,6 milhões de euros) em 2019, refere-se que era pretensão da administração propor aos acionistas a distribuição de dividendos.
Contudo, "face à recomendação do BCV", para "aplicação da totalidade dos resultados apurados no reforço dos fundos próprios" dos bancos que operam em Cabo Verde, devido à pandemia, o conselho de administração decidiu então suspender a proposta para "acomodar integralmente a recomendação" do banco central, prevendo que os lucros de 2020 fossem aplicados na Reserva Legal (10%) e noutras reservas (90%), sem qualquer distribuição de dividendos, decisão agora alterada em assembleia-geral extraordinária.
O sistema financeiro cabo-verdiano funciona com sete bancos comerciais, mantendo o BCA a liderança, com uma quota de mercado, em novembro de 2020, de 30,4% no crédito concedido e de 33,9% nos depósitos.
A instituição contava no final de 2020 com 34 balcões, distribuídos por todo o arquipélago, com 437 trabalhadores.
O saldo dos depósitos de clientes do BCA atingiu 77.800 milhões de escudos (703,5 milhões de euros) no final de 2020, uma quebra de quase 1% face ao ano anterior, enquanto o total de novos financiamentos concedidos atingiu os 8,39 milhões de escudos (75 milhões de euros), menos 7,3%, como efeito da crise económica provocada pela pandemia.
Globalmente, a carteira de crédito do BCA rondava no final de 2020 os 54.186 milhões de escudos (490 milhões de euros) e o incumprimento diminuiu em cerca de 512 milhões de escudos (4,6 milhões de euros), equivalente a -13,9%, cifrando-se em dezembro do ano passado em 3.171 milhões de escudos (28,6 milhões de euros).
O BCA fechou 2020 com um ativo total de 87.414 milhões de escudos (790,3 milhões de euros), aumentando 0,8% face ao ano anterior, e um passivo que caiu 1,12%, para 79.594 milhões de escudos (719,6 milhões de euros).
O produto bancário do BCA caiu 2% em 2020, para 3.374 milhões de escudos (30,5 milhões de euros).