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Após recusar sair da Rússia, HSBC deixa de utilizar palavra "guerra"
O maior banco da Europa estará a fazer uma espécie de "jogo de simpatia" para com o Kremlin, seguindo a mesma estratégia aplicada em 2020 quando foi aprovada a "Lei da Segurança" de Hong Kong.
O HSBC vai deixar utilizar o termo "guerra" para descrever a invasão russa à Ucrânia quer em documentos internos, quer em notas de "research" enviadas aos clientes, passando a recorrer à palavra "conflito", de acordo com duas fontes próximas do assunto contactadas pelo Financial Times (FT).
Segundo o diário britânico, a mudança de linguagem levantou fortes críticas dentro do banco que é o maior da Europa em ativos e que detém, de acordo com os dados atualizados em junho do ano passado, 900 milhões de dólares em ativos na Rússia.
Esta mudança surge numa altura, em que o gigante financeiro está a ser pressionado pelo parlamento britânico para sair da Rússia, à semelhança do que já fizeram os seus pares, como os norte-americanos JPMorgan Chase e Goldman Sachs.
O banco respondeu à pressão, afirmando que vai aplicar as sanções aprovadas por Downing Street e que não vai abrir mais negócios na Rússia, mas recusou-se a sair do país.
Contactado pelo FT, o HSBC não quis comentar o assunto, fazendo apenas referência a um comunicado anterior onde afirma: "os nossos pensamentos estão com todos aqueles que foram afetados pelo conflito na Ucrânia".
Uma pessoa próxima ao banco explicou o Financial Times que a questão é sensível já que o HSBC conta atualmente com cerca de 200 colaboradores na Rússia, onde o regime de Vladimir Putin -- que desde o início da invasão tem classificado a guerra como uma "operação especial" -- aprovou uma norma que estabelece uma pena de prisão de até 15 anos ao que chama de campanhas de "desinformação". Entre as muitas proibições está o uso da palavra "guerra" para classificar o conflito.
Esta não é a primeira vez que o HSBC está envolto numa polémica do género. Em 2020, depois de ter entrado em vigo a "Lei da Segurança Nacional" de Hong Kong, que levou vários ativistas e jornalistas à prisão, o banco britânico e o rival Standard Chartered apoiaram a norma defendendo que esta traria estabilidade a longo prazo.