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Angola afecta rácios do BCP mas não obriga a reduzir exposição

A nova forma de contabilização da exposição indirecta a Angola vai afectar os rácios de solidez de capital do BCP. Contudo, o banco não vai ter de reduzir a sua exposição, como vai acontecer com o BPI.

Miguel Baltazar/Negócios
17 de Dezembro de 2014 às 12:44
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Tal como o BPI, o Banco Comercial Português também tem exposição indirecta a Angola que, a partir do próximo ano, terá de ser contabilizada de forma diferente. Os rácios de solidez de capital sofrem também um impacto negativo. Mas, ao contrário do concorrente, o banco liderado por Nuno Amado não supera o limite dos grandes riscos, pelo que não é obrigado a reduzir tal exposição.  

 

Esta questão coloca-se porque a Comissão Europeia não incluiu Angola na lista de países em que considera que a supervisão e regulação são idênticas à comunitária. Como não acontece, na contabilização da exposição indirecta ao Estado angolano terá de ser tido em conta o enquadramento europeu - o que não acontecia até aqui. Isto altera o cálculo dos activos ponderados pelo risco, que são tidos em conta nos rácios de solidez de capital exigidos pelos reguladores.

 

Assim, segundo a contabilização em vigor até ao final do ano (a angolana), os activos ponderados pelo risco resultantes da exposição consolidada do BCP a Angola (administração central e o Banco Nacional de Angola) ascendiam, a 30 de Setembro de 2014, a 87 milhões de euros.

 

Já os ponderadores ditados pelo novo regime fazem com que haja um "aumento dos activos ponderados pelo risco em cerca de 560 milhões de euros a partir de 1 de Janeiro de 2015".

 

"Tal incremento originaria uma redução do rácio de capital Common Equity Tier One a 30 de Setembro de 2014, em 8 pontos base [0.08 pontos percentuais], em base fully-implemented, e de 15 pontos base, em base phased-in [transitória]", indica o comunicado enviado pelo banco à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários esta quarta-feira, 17 de Dezembro. No final de Setembro, a instituição financeira apresentou um rácio fully implemented de 10,2% e, numa base transitória, de 12,8%.

 

Contudo, ao contrário do BPI, a quem o Banco Central Europeu vai dar um período de tempo para reduzir a sua exposição, "este facto não determina qualquer excesso da exposição consolidada do Banco Comercial Português às administrações centrais e banco central da República de Angola face ao limite dos grandes riscos".

 

A casa de investimento do BPI escreveu, no comentário diário desta quarta-feira, que esperava que o crescimento dos activos ponderados pelo risco do BCP fosse de 412 milhões de euros – acabou por ser ligeiramente maior, de 560 milhões. Os analistas do BPI Equity Research não esperavam, contudo, "um impacto significativo". Ainda não se saiba o tratamento que será dado a Moçambique, o BPI acredita que tanto Moçambique como Angola não deverão ter um impacto conjunto global superior a 22 pontos base no Common Equity Tier 1 do BCP pelo que, na sua óptica, o rácio ficaria em 10% em Setembro último (face aos 10,2% apresentados). 

 

As acções do BCP seguem a cair 3,64% ara 7,14 cêntimos. O BPI sofre uma queda mais acentuada de 5,76% para 1,17 euros.

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