Outros sites Medialivre
Notícias em Destaque
Notícia

A avançar na IA, Klarna pretende despedir metade dos trabalhadores. Portugal não vai ser afetado

A inteligência artificial foi benéfica para a Klarna, uma fintech de pagamentos, dando impulso aos resultados. O CEO diz que a força de trabalho ideal são dois mil pessoas. A empresa tem cerca 3.800 trabalhadores, dos quais cerca de duas dezenas em Portugal, que a Klarna disse ao Negócios não serão afetados.

Klarna
  • 4
  • ...

Depois de já ter estado a despedir trabalhadores no ano passado, reduzindo a força laboral de cinco mil para 3.800 pessoas, a Klarna, "fintech" sueca de pagamentos, está a planear novas rescisões.

O CEO, Sebastian Siemiatkowski, revelou que planeia estender os cortes já realizados noutras áreas de negócio com recurso a inteligência artificial (IA) e tem planos para reduzir o número de trabalhadores para os "ideais" dois mil.

Contactada pelo Negócios, a Klarna em Portugal, que tinha, em março, menos de 20 trabalhadores no país, indica que "a nível local, não estão previstas rescisões fora deste registo, da mesma forma que não está previsto nenhum investimento maior além da estratégia inicialmente delineada".

Acrescenta ainda que a empresa "tem neste momento em vigor um congelamento de novas contratações, exceto para determinadas posições estratégicas ou de engenharia, estando a equipa a ser reduzida por rescisões naturais (através de demissões voluntárias ou de profissionais que decidem mudar de carreira), não estando, neste momento, previsto nenhum 'layoff' adicional".

"Não só conseguimos fazer mais com menos, como conseguimos fazer muito mais com menos. Internamente, falamos diretamente de duas mil pessoas. Não queremos estabelecer um prazo específico", alertou, em entrevista concedida ao Financial Times.

Sebastian Siemiatkowski explicou que o recurso a ferramentas de inteligência artificial, em particular nos segmentos de apoio ao consumidor e marketing, foi benéfica para os resultados do segundo trimestre. O CEO referiu ainda que a empresa aumentou de forma significativa a receita anual por trabalhador de cerca de 300 mil dólares há um ano, para os atuais 700 mil dólares.

"Se conseguirmos atingir uma receita superior por funcionário, isso vai permitir-nos pagar melhor pelos melhores talentos, pelas pessoas que estão atualmente a mergulhar e a aprender a IA... A mensagem muito forte para os nossos funcionários é: menos custo total de mão de obra, maior custo por indivíduo. Estou muito satisfeito por ver que isto está a dar frutos", acrescentou, na mesma entrevista.

Sebastian Siemiatkowski tem sido um dos líderes de tecnológicas europeias que mais tem falado sobre os benefícios da IA mesmo que isso tenha impactos na empregabilidade, que diz ser problema dos governos.

A Klarna tem mantido as despesas operacionais controladas, ao mesmo tempo que investe de forma significativa em IA. "O nosso assistente de inteligência artificial faz o trabalho de 700 trabalhadores, ao reduzir o tempo de resolução médio de 11 minutos para dois, ao mesmo tempo que mantém os mesmos índices de satisfação do cliente do que os agentes humanos", escreve o CEO no comunicado de apresentação de contas.

A companhia de "buy now pay later" (BNPL) reduziu o prejuízo líquido de 854 milhões de coroas suecas do trimestre anterior para 10 milhões de coroas suecas (o equivalente a 877 mil euros ao câmbio atual) entre abril e junho. Já o lucro ajustado ascendeu a 673 milhões de coroas suecas no trimestre, o que compara com prejuízo ajustado de 456 milhões de coroas suecas no período homólogo.

Os resultados positivos antecipam uma entrada em bolsa, que se estima que aconteça no primeiro semestre do próximo ano nos Estados Unidos. A publicação britânica avança que os assessores financeiros da oferta pública inicial (IPO, em inglês) estão a ser estudados, com gigantes com como o Morgan Stanley, JPMorgan e Goldman Sachs na liderança.

No entanto, o CEO não quis comentar a operação: "ainda não tomámos qualquer decisão. Vai acontecer no seu tempo". A Klarna, que foi em tempos a "startup" mais valiosa da Europa, nos 45,6 mil milhões de dólares em 2021, estará a apontar para uma avaliação entre os 15 e os 20 mil milhões de dólares.

(Notícia atualizada às 20h com declarações da Klarna em Portugal)

Ver comentários
Saber mais Inteligência artificial Empresas Trabalho Klarna Sebastian Siemiatkowski Estados Unidos
Outras Notícias
Publicidade
C•Studio