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2008: BPN nacionalizado, BPP intervencionado

Com a crise financeira a alastrar como fogo, o Governo de José Sócrates queria impedir pânico entre os depositantes. O BPN é nacionalizado e o BPP ajudado com uma garantia estatal.

Bruno Simão
30 de Maio de 2017 às 22:40
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Antes da espectacular queda do Banco Espírito Santo, os episódios mais marcantes de problemas bancários, da última década, tinham os nomes BPN e BPP.

Eram bancos de dimensões diferentes, que conheceram problemas e soluções diferentes, mas coincidiram na recta final de 2008, quando o sistema financeiro mundial estava em pânico. Foi o receio desse pânico, em parte, que levou o Governo de José Sócrates a tomar decisões que se pensavam impossíveis ou fora de uso. No caso do BPN, ouviu-se mesmo, pela primeira vez em muito tempo, a palavra nacionalização.

A 3 de Novembro de 2008, durante um fim de semana, a notícia foi dada por Teixeira dos Santos, Vítor Constâncio e Carlos Costa Pina. Em causa estavam indícios fortes de irregularidades, incapacidade de cumprir compromissos, e na origem da decisão esteve a necessidade de garantir que o dinheiro dos depositantes, estava garantido, sob a alçada do Estado.

Como se veio a perceber ao longo do tempo, havia ainda muito por conhecer acerca do BPN, nessa altura, sendo um desses elementos o real buraco do banco.

Foram criados três veículos para gerir os activos com imparidade da instituição, que existem até hoje, estando longe de recuperar as perdas. Mas antes ainda houve uma tentativa, falhada, de vender a instituição. A alienação só foi consumada no final de 2011, ao BIC, por 40 milhões de euros.

E a factura? Bem, não há números certos, mas é muito dinheiro. O Tribunal de Contas aponta para mais de três mil milhões de buraco, mas admite que, no final, o valor possa ser mais do dobro.

O caso chegou naturalmente à Justiça, com a sentença a ser conhecida apenas na semana passada: 14 anos de prisão para Oliveira Costa, o principal arguido, que vai, ainda assim, recorrer, ficando para já em liberdade.

Já o BPP, liderado pelo mediático João Rendeiro, entrou em dificuldades devido ao abalo do sistema financeiro e dos mecanismos de financiamento, que depauperaram o valor de mercado dos seus investimentos. Pediu apoio público e este só chegou mais tarde, via empréstimo de vários bancos, garantido pelo Estado. Sai a gestão, entra uma equipa escolhida pelo Banco de Portugal, liderada por Adão da Fonseca. E deram que falar as manifestações dos milhares de investidores no chamado "retorno absoluto".

Criou-se então um fundo que acabou por conseguir pagar, a prazo, aos clientes, e o Estado acabou por recuperar o que foi dado em garantia. O BPP deixou de existir e os tribunais também conheceram vários processos, entre condenações e absolvições, com recursos à mistura.
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