Realizaram-se esta terça-feira dois plenários de trabalhadores na Volkswagen Autoeuropa para se debater a decisão da administração relativa à compensação a atribuir pela laboração contínua a partir de Agosto próximo, tendo a Comissão de Trabalhadores emitido um comunicado indicando que foi decidido avançar com um abaixo-assinado exigindo um regresso às negociações.

Em causa está o pré-acordo assinado no passado dia 20 de Novembro – que foi rejeitado pelos trabalhadores mas que seguirá em frente por decisão da administração da fábrica de Palmela – que estabelece os termos do trabalho ao sábado e da laboração contínua (três turnos diários), que deverá ter início depois das férias de Agosto de 2018, questões que estiveram na origem da primeira greve na empresa por razões laborais e que provocaram a demissão da anterior Comissão de Trabalhadores, após a rejeição de outro pré-acordo.

"Ficou claro, uma vez mais, que a decisão da empresa está a provocar um clima de descontentamento no seio dos trabalhadores, o qual ficou expresso de forma inequívoca no abaixo-assinado dinamizado pela Comissão de Trabalhadores e subscrito de forma massiva", refere o comunicado a que o Negócios teve acesso.

O abaixo-assinado tem como objectivo, "além de dar expressão à contestação levantada, exigir que a administração crie as condições para voltar à mesa das negociações no sentido de se encontrar uma solução para os trabalhadores abrangidos pelos horários de laboração contínua".

"A administração não pode ficar indiferente a esta demonstração de unidade dos trabalhadores e de exigência de uma nova solução que melhor satisfaça as suas reivindicações", acrescenta o documento.

A Comissão de Trabalhadores refere que vai entregar à administração da VW Autoeuropa, nos próximos dias, o resultado da recolha de assinaturas ao abaixo-assinado – "ao qual os trabalhadores esperam que esta responda com a disponibilidade negocial que é exigida".

A CT, coordenada por Fernando Gonçalves, irá reunir-se amanhã com os sindicatos representados na empresa, para discutir a situação interna.

Os dois pré-acordos alcançados em 2017 entre a administração e a CT da Autoeuropa, e que foram chumbados pelos trabalhadores, diziam respeito à compensação relativamente ao trabalho ao sábado que arrancou no início de Fevereiro deste ano. Perante o impasse gerado, a direcção da fábrica decidiu impor os novos horários unilateralmente.