Notícia
Trabalhadores da Autoeuropa destacados em Osnabrück fazem paragem de uma hora
Mais de 200 trabalhadores da Autoeuropa destacados na fábrica de Osnabrück pararam esta segunda-feira uma hora para discutir o facto de terem recebido menos dinheiro este mês devido ao "acerto de contas" relativo ao adiantamento feito na sequência do destacamento.
Em declarações à Lusa, vários trabalhadores da Volkswagen Autoeuropa que estão na fábrica de Osnabrück, na Alemanha, explicaram a situação, mas pediram para não serem identificados.
Inicialmente, contaram, estava previsto que a Autoeuropa atribuísse um benefício financeiro aos que seriam destacados para Osnabrück. Contudo, a fábrica da Alemanha decidiu fazer um contrato de destacamento internacional, segundo o qual trabalhadores em causa ficariam em pé de igualdade ('equal pay') com os colegas alemães, recebendo então um salário superior e idêntico ao dos seus congéneres.
Isto levou a Autoeuropa a alterar a situação que era de um benefício financeiro para um adiantamento, que segundo os trabalhadores deveria ser devolvido mensalmente e não de uma vez só, no mês do pagamento do subsídio de Natal. Além disso, acrescentam que estava ainda combinado que a regularização do adiantamento seria negociada "caso a caso".
"A questão não é pagar ou não o adiantamento. É terem-nos cortado ilegalmente o subsídio de Natal na íntegra, é mexerem no nosso ordenado sem o poderem fazer e sem nos avisarem de nada", contaram os trabalhadores.
A Lusa contactou hoje por várias vezes a Volkswagen Autoeuropa, mas sem sucesso até ao momento. No entanto, no sábado, e no seguimento de uma notícia avançada pela Lusa, a unidade de Palmela já tinha afirmado que "o subsídio de Natal foi processado normalmente e, em alguns casos, procedeu-se à regularização do adiantamento disponibilizado no início do destacamento".
Garantiu ainda que "todo o processo foi gerido de acordo com os princípios de mobilidade internacional e co-gestão, que implicam uma colaboração directa entre a Volkswagen Autoeuropa, a Volkswagen Osnabrück e os representantes dos trabalhadores de ambas as empresas" e que neste processo actuou "sempre no sentido de respeitar as condições financeiras dos seus colaboradores".
Contudo, o caso culminou hoje numa paragem de uma hora, das 08:00 às 09:00 (das 07:00 às 08:00 em Lisboa), por mais de 200 trabalhadores portugueses destacados, aos quais se juntaram também colegas alemães e até chefias, segundo contaram hoje os trabalhadores.
Este período foi usado para discutir a questão com a direcção da unidade e com representantes dos trabalhadores naquela fábrica alemã, onde a linha esteve parada uma hora, representando cerca de menos 20 carros produzidos.
"Foi uma reunião em que os recursos humanos e a administração da fábrica, assim como a Comissão de Trabalhadores [na Alemanha] se mostraram completamente desagradados com o que está a acontecer e com o facto de a Autoeuropa dizer que o corte do salário neste preciso mês resulta de uma acordo com os trabalhadores", disseram.
Agora cabe à direcção da fábrica de Osnabrück questionar a situação junto da casa-mãe em Wolfsburgo e da Autoeuropa, como ficou combinado na reunião de hoje.
Em paralelo, os trabalhadores dizem já ter um abaixo-assinado preparado para entregar à casa-mãe.
Os trabalhadores relatam ainda que há cerca de um mês, dois elementos dos recursos humanos da Autoeuropa, entre eles o director desse departamento, se deslocaram a Osnabrück, onde terão chegado a acordo com os representantes dos colaboradores sobre dois pontos: a Autoeuropa contactaria cada colaborador nos 10 a 15 dias seguintes, "o que nunca aconteceu", e que seriam perdoados cerca de 800 euros do total da dívida.
Na passada quarta-feira e depois de tentativas, sem sucesso, de contacto com a unidade de Palmela no último mês, os trabalhadores voltaram a ter notícias pelas 16:00 num 'email' da Autoeuropa que dava conta de que o subsídio de Natal seria pago e que o valor descontado dependeria "de um plano de pagamentos de acordo com o grupo de partida para Osnabrück".
No mesmo dia e poucas horas depois, os trabalhadores viriam a ser surpreendidos com o acerto de contas no recibo de vencimento.