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Tesla procura presidente para gerir Musk
Procura-se um executivo experiente e de mão firme, apaixonado por carros eléctricos e com coragem para controlar um CEO impulsivo no Twitter.
Este é basicamente o anúncio de emprego que a Tesla aceitou publicar como parte do acordo fechado há nove dias com a Comissão de Valores Mobiliários dos EUA (SEC, na sigla em inglês), que exige que a empresa nomeie um presidente independente para o lugar de Elon Musk no conselho e contrate dois directores. Os nomes apontados como candidatos à presidência vão desde o ex-vice-presidente dos EUA Al Gore a executivos como Jim McNerney, ex-CEO da Boeing, e Alan Mulally, ex-CEO da Ford Motor.
O que os accionistas querem é alguém capaz de colocar a Tesla no caminho da rentabilidade e também de controlar Musk, que teve problemas com a SEC ao publicar tweets a anunciar que tinha conseguido financiamento e apoio de investidores para retirar a empresa de bolsa - e que, não por acaso, usou o Twitter na semana passada para provocar a SEC. O acordo fechado a 29 de Setembro manterá Musk fora da liderança do conselho de administração nos próximos três anos.
É o que alguns investidores institucionais andavam a pedir há algum tempo, alegando que o conselho não exerce um controlo suficiente sobre o CEO e que Musk pode estar demasiado ocupado a comandar a Tesla e a SpaceX, da qual também é CEO e "chairman".
"O acordo com a SEC é um momento para que o conselho e a empresa respirem fundo e repensem", disse Dieter Waizenegger, director-executivo da Ctw Investment Group, que trabalha com fundos de pensões sindicais. "Este conselho precisa mesmo de evoluir - precisa de mais mulheres e de mais pessoas de cor. É um conselho de visão muito limitada."
Actualmente, seis dos nove directores são homens brancos, e todos, com excepção de três, têm ligações ou investimentos numa ou mais empresas controladas por Musk. O acordo com a SEC exige que os dois novos directores sejam independentes.
Encontrar estes directores não será tão difícil quanto escolher o novo "chairman" certo, que idealmente deveria ter pelo menos algum conhecimento do sector industrial e experiência para lidar com órgãos reguladores.
O governo dos EUA raras vezes ordenou que uma empresa tivesse pessoas diferentes como CEO e presidente do conselho, e menos ainda exigiu que o último fosse alguém de fora. Cerca de 28% das empresas têm presidentes de conselho realmente independentes, segundo análise da agência de recrutamento Spencer Stuart.
A promoção de um membro do conselho da Tesla provavelmente não será suficiente para cumprir a vontade dos órgãos reguladores. "Se for um dos antigos directores, será o mesmo que voltar ao ponto de partida", disse Charles Elson, director do Centro John L. Weinberg da Universidade de Delaware.
Colocar um novo rosto à frente do conselho pode ser bom para a Tesla, mas "é uma pena que a empresa tenha sido forçada a fazer isto" pela SEC, disse John Wilson, chefe de análise da Cornerstone Capital Group, cujos clientes mantêm acções da Tesla. "Isto deixa dúvidas quanto a se haverá uma reforma abrangente da governança ou se haverá apenas uma reforma decorativa."
(Texto original: The Hunt Is on for a Musk Whisperer as Tesla Accommodates SEC)