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PSA revela lucros recorde mas CEO alerta para "período darwiniano" na indústria automóvel

O CEO da PSA acredita que "nem todos os fabricantes automóveis vão resistir" aos tempos que aí vêm, que descreve como um "período darwiniano".  

46.º Carlos Tavares, PSA
Arnd Wiegmann
26 de Fevereiro de 2020 às 10:08
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O grupo PSA surpreendeu os analistas pela positiva na apresentação de resultados, mas a mensagem não foi de que se antevissem facilidades para a indústria automóvel, pelo contrário. O desempenho do grupo apenas o deixa numa posição mais vantajosa para a "era darwiniana" que se aproxima, diz o CEO, o português Carlos Tavares.

Os lucros do grupo PSA aumentaram 13,2% para os 3,2 mil milhões de euros, atingindo um novo recorde. O grupo registou receitas de 74,7 mil milhões de euros, 1% acima das conseguidas no ano anterior e ligeiramente acima das estimativas dos analistas da Refinitiv.

Ao mesmo tempo, a margem operacional atingiu um recorde de 8,5% e o resultado operacional, que ascendeu aos 6,3 mil milhões de euros, foi suportado pelo crescimento da divisão automóvel. A empresa atribui este nível de rentabilidade a um "mix de produtos positivo e à contínua redução de custos, apesar dos impactos das taxas de câmbio e do aumento dos custos de matérias-primas", lê-se no comunicado enviado às redações.

O CEO acrescentou ainda que o processo de fusão com a Fiat deverá estar concluído nos próximos 12 a 15 meses e diz não ter "qualquer razão para acreditar que existam problemas regulatórios" a servir de obstáculo.

No que toca às metas ambientais, Carlos Tavares afirmou-se "absolutamente certo" de que o grupo conseguiria atingir as metas de emissão de CO2 a que se propôs para o ano de 2020. "Estamos prontos para a transição energética e todas as equipas estão focadas em oferecer uma mobilidade limpa, segura e acessível para os clientes", diz o CEO, no comunicado. 

As nuvens no horizonte

"Estou muito feliz com 2019" e "estamos prontos para os próximos desafios para a nossa empresa", comentou o CEO, admitindo que o coronavírus representa "um grande risco para toda a indústria". O responsável pelas finanças do grupo, de acordo com a Bloomberg, avançou que a PSA espera que a procura por carros na China continue a tendência descendente que já se está a verificar.

No comunicado, a empresa avança ainda que, em 2020, o grupo antecipa uma quebra na ordem dos 3% do mercado automóvel na Europa e na ordem dos 2% na Rússia, bem como uma estabilização do mercado automóvel na América Latina. 

Carlos Tavares aproveitou a apresentação de resultados para fazer uma referência à teoria da seleção natural de Charles Darwin, que defende que apenas os mais fortes e adaptáveis às mudanças sobrevivem, para explicar o período difícil que antevê para a indústria automóvel. O CEO da PSA acredita que "nem todos os fabricantes automóveis vão resistir" aos tempos que aí vêm, que descreve como um "período darwiniano".  

Num dia negro para as bolsas europeias, a PSA aguenta-se tímida no verde, ao somar 0,08% para os 17,70 euros, depois de já ter chegado a subir 2,40%. A cotada afasta-se assim do mínimo de dia 10 de dezembro de 2018 ao qual desceu na última sessão, a quarta consecutiva no vermelho. 

Esta quarta-feira, a empresa anunciou ainda que vai propor uma subida no dividendo para 1,23 euros por ação, 58% acima dos níveis de 2018. O dia 21 de maio de 2020 vai ser considerado na reunião de acionistas como data de afetação do dividendo, efetuando-se o pagamento a 25 de maio 2020.

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