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O que marcou 2018 no sector automóvel?

O sector automóvel viveu dias agitados em 2018. Desde a introdução do protocolo de medição de emissões WLTP ao acelerar do mercado de veículos eléctricos, passando pela detenção do presidente da Nissan e Renault. O Negócios escolheu 12 notícias que marcaram o ano, a nível internacional e nacional.

30 de Dezembro de 2018 às 18:00
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INTERNACIONAL


Mudança de CEO na Volkswagen


Em Abril, o grupo Volkswagen nomeou Herbert Diess, até então líder da principal marca do grupo, como CEO. Diess substituiu Matthias Müeller, que havia assumido o cargo em Setembro de 2015. Herbert Diess chegou ao maior fabricante automóvel mundial em 2015, vindo da rival BMW.

Müeller assumiu a liderança do "gigante" alemão numa altura em que o grupo se encontrava em dificuldades na sequência do "Dieselgate", o escândalo de manipulação dos dados de emissões dos seus veículos a gasóleo. Matthias Müeller recuperou a marca mas não era visto como um líder capaz de implementar as mudanças de fundo planeadas para o grupo, noticiou, na altura da sua saída, a imprensa alemã. 
 

Morte de Sergio Marchionne, o salvador da Fiat

Em Julho, Sergio Marchionne morreu aos 66 anos, dias depois de abandonar o comando do FCA Group (Fiat Chrysler Automobiles). Marchionne assumiu a liderança do grupo italo-americano em 2004, tendo resgatado a Fiat, que se encontrava à beira da falência.

Durante os 14 anos em que esteve à frente dos destinos da Fiat, Marchionne aumentou em mais de dez vezes o valor da fabricante automóvel, reestruturando o negócio e separando activos. Entre os maiores "spinoffs" destaca-se o da Ferrari, em 2015.

 

Gasolina ganha peso na Europa à custa do diesel

A quota de mercado dos automóveis ligeiros de passageiros a gasolina aumentou em 6,8 pontos percentuais nos primeiros nove meses de 2018, atingindo os 57,6% dos novos veículos vendidos na Europa. Esta subida reflectiu-se na quebra das vendas de carros a gasóleo, que passaram a representar apenas 34,7% do total, uma descida de 8,4 pontos percentuais em termos homólogos.

Os veículos com combustíveis alternativos, que incluem os híbridos, eléctricos e automóveis a gás natural liquefeito (GNL) e gás petrolífero liquefeito (GPL), passaram a valer 7,7% do mercado, uma subida de 1,7 pontos percentuais. Portugal acompanhou a tendência europeia, embora seja o segundo país da União Europeia onde o diesel mais pesa nas vendas, apenas atrás da Irlanda.


Novo protocolo de medição de emissões agita mercado na Europa

O mercado automóvel europeu ficou marcado por uma sigla em 2018: o WLTP. O novo protocolo de medição de emissões de dióxido de carbono (CO2) entrou em vigor em Setembro e teve um forte impacto nas vendas.

O mês de Agosto registou um nível anormalmente elevado de venda de novos automóveis, com os consumidores a anteciparem uma subida dos preços devido à adopção do Worldwide Harmonized Light Vehicle Test Procedure (WLTP) que, em média, eleva os valores medidos das emissões de CO2 em 21%.

Nos meses seguintes, contudo, registaram-se quebras assinaláveis nas vendas automóveis por toda a Europa. E Portugal não foi excepção.

 

Táxis-robôs da Waymo estreiam-se nos EUA em Dezembro

A Waymo, empresa detida pela Alphabet, "casa-mãe" do Google, lançou os primeiros serviços de táxi com veículos sem condutor em Phoenix, no Arizona, em Dezembro. Para já, no entanto, os serviços apenas operam em quatro subúrbios de Phoenix e contam com um motorista de prevenção para assumir o comando em caso de necessidade.

No final de Maio, a Waymo anunciou a compra de 62 mil minivans à Chrysler, aumentando a sua frota em 100 vezes. Antes, em Março, a empresa liderada por John Krafcik anunciou uma parceria com a Jaguar para incorporar até 20 mil Jaguar I-Pace na sua frota de veículos autónomos.

 

Europa atinge um milhão de automóveis eléctricos

Em 2018, a Europa alcançou a marca de um milhão de automóveis eléctricos ou híbridos "plug-in". O "Velho Continente" tornou-se o segundo mercado em todo o mundo a atingir esta fasquia, quase um ano após a China ter superado essa marca. Também este ano, muitos dos principais fabricantes automóveis anunciaram investimentos de milhares de milhões de euros para a transição para os veículos eléctricos.

Detenção de Carlos Ghosn, o "patrão" da Renault e Nissan

A 19 de Novembro, Carlos Ghosn, presidente da Nissan e da Renault, foi detido em Tóquio. O gestor franco-brasileiro continua detido no Japão por suspeitas de prestação de falsas informações financeiras ao mercado e uso em benefício próprio de dinheiro da Nissan. A fabricante automóvel japonesa, que denunciou o caso às autoridades, demitiu-o da presidência da empresa. Já a Renault manteve Ghosn como CEO e presidente, embora tendo nomeado interinamente substitutos. Ghosn é acusado de ter comunicado ao mercado valores inferiores aos reais sobre a sua remuneração na Nissan. O gestor é também suspeito de ter utilizado dinheiro da empresa para uso particular.

Tesla reforça produção mas ganha concorrentes

2018 foi o ano em que a Tesla finalmente conseguiu entrar em velocidade cruzeiro na produção do seu modelo mais acessível: o Model 3. O percurso foi longo e com obstáculos, com os volumes de produção apenas alcançado os níveis pretendidos pelo CEO da empresa, Elon Musk, na segunda metade do ano.

Entretanto, a fabricante de automóveis eléctricos ganhou concorrentes de peso: a Jaguar, Audi, Mercedes e Volkswagen já lançaram ou estão prestes a lançar modelos de veículos eléctricos para rivalizar com a Tesla.

Pelo meio, Musk indicou pelo Twitter pretender retirar a empresa de bolsa, o que lhe valeu uma sanção do supervisor dos mercados norte-americanos. Resultado: Musk teve de deixar a presidência da Tesla, sendo substituído pela australiana Robyb Denholm, mas manteve-se como CEO.

PORTUGAL

Autoeuropa bate recorde de produção com 20 anos

No primeiro ano completo de produção do novo modelo da Volkswagen, o T-Roc, a fábrica da Autoeuropa bateu por larga margem o seu recorde de produção anual, que remontava a 1998. Segundo a previsão da empresa, em 2018 a fábrica de Palmela produziu 223.190 veículos.

Este número supera largamente o anterior recorde, de 138.890 viaturas, mas fica abaixo das estimativas avançadas pela empresa no início do ano, que apontavam para "cerca de 240 mil unidades produzidas".

Foram vários os percalços enfrentados pela empresa ao longo do ano: o acordo laboral apenas foi fechado em Novembro, atrasos na homologação WLTP, falta de motores e a greve dos estivadores no Porto de Setúbal.

 

SIVA luta pela sobrevivência e vê vendas afundarem

A SIVA, distribuidora em Portugal da Volkswagen, Škoda, Audi, Lamborghini e Bentley, viu as suas vendas caírem a pique em 2018. A subsidiária da SAG Gest debate-se com problemas de liquidez e encontra-se em processo de renegociação com a Volkswagen. Várias notícias publicadas apontam para que a SIVA seja vendida à Porsche Holding Salzburg, a maior distribuidora automóvel da Europa e detida na totalidade pela Volkswagen.

Nas prestações de contas trimestrais, a SAG referiu por mais do que uma vez que as negociações com a Volkswagen são "críticas para a continuidade futura do negócio da subsidiária SIVA".

As vendas das principais marcas da SIVA - Volkswagen, Audi e Škoda - registam uma quebra de 30,7% nos primeiros onze meses do ano, o que corresponde a menos 7.977 veículos vendidos do que em igual período de 2017.

Abertura de "hubs" tecnológicos de fabricantes automóveis

Em 2018 foram inaugurados vários centros tecnológicos de fabricantes automóveis. A BMW criou uma "joint-venture" com a Critical Software para a instalação de dois centros de engenharia no Porto e em Lisboa. O projecto espera atingir o meio milhar de colaboradores no final de 2019.

A Daimler Trucks & Busses, divisão de pesados da casa-mãe da Mercedes, abriu em Outubro um "hub" tecnológico em Lisboa. O projecto prevê uma equipa de cerca de três dezenas de colaboradores na fase de arranque. A empresa tem como áreas prioritárias para o "hub" os transportes urbanos, a logística, a adaptação às frotas electrónicas, a recolha de "big data" sobre a indústria de veículos comerciais.

Já no início de Novembro, foi inaugurado em Lisboa o Centro de Desenvolvimento de Software da Volkswagen, o primeiro fora da Alemanha. No arranque, a equipa na capital portuguesa é de 25 pessoas, tendo a empresa como meta alcançar os 300 colaboradores num prazo de "cerca de dois anos".

Início do pagamento dos carregamentos rápidos para veículos eléctricos

A 1 de Novembro, após sucessivos adiamentos, os carregamentos de veículos eléctricos em postos rápidos passaram a ser pagos. Este é considerado um passo decisivo para o crescimento do mercado de automóveis eléctricos em Portugal, que registou um aumento de 160,9% nos primeiros 10 meses do ano, para 3.233 unidades.

Com o início dos carregamentos pagos, os operadores dos postos podem expandir a rede de pontos de carregamento, um dos constrangimentos apontados pelos fabricantes automóveis e pela Associação Automóvel de Portugal (ACAP). Na primeira metade de 2019 deverão começar a ser pagos os carregamentos nos postos normais.

 

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