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Aumentos salariais são o novo foco de tensão na Autoeuropa

A comissão de trabalhadores rejeitou a proposta de aumentos salariais de 3% para 2018 e exige 6,5%. Já a greve anunciada para 2 e 3 de Fevereiro pode não acontecer, pois não tem o apoio dos sindicatos da CGTP e UGT.

Bruno Simão
André Cabrita-Mendes andremendes@negocios.pt 28 de Janeiro de 2018 às 22:00
A Autoeuropa vai viver mais uma semana de tensão, entre negociações laborais, plenários de trabalhadores, novos horários e ameaças de greves.

O novo foco de tensão na fábrica portuguesa da Volkswagen é agora a proposta de aumentos salariais. Nas negociações que tiveram lugar na passada semana entre a comissão de trabalhadores (CT) e a administração, com vista a um novo acordo laboral, a direcção da unidade de Palmela começou por oferecer aumentos de 2,6% em 2018 e de 2% para 2019. Valores que a CT rejeitou, dizendo à administração que "são insuficientes e que é imprescindível elevar as condições remuneratórias dos trabalhadores", segundo um comunicado do órgão representativo dos trabalhadores.

Em resposta, a administração avançou com uma proposta de aumentos salariais de 3% para este ano e de 2% para o próximo, voltando a CT a reafirmar a sua "posição de insatisfação" com os valores. Recorde-se que, no seu caderno reivindicativo, a CT exige aumentos salariais de 6,5% para este ano. Apesar deste impasse, as negociações vão continuar a decorrer esta semana em Palmela.

Entretanto, a CT marcou a realização de plenários de trabalhadores  para a próxima quinta-feira, 1 de Fevereiro, com o objectivo de discutir o "resultado obtido nas negociações", se já estiverem concluídas, ou fazer o ponto de situação das conversações.

Enquanto decorrem estas negociações, a fábrica portuguesa da Volkswagen arranca com os novos turnos de fim-de-semana no próximo sábado, dia 3 de Fevereiro. Depois de dois pré-acordos chumbados em referendo pelos trabalhadores, a administração da fábrica decidiu avançar unilateralmente para os novos horários que vão vigorar até Agosto, com os sábados a serem pagos até lá como horas extraordinárias.
Em resposta a esta decisão unilateral, os trabalhadores aprovaram a realização de uma greve para os dias 2 e 3 de Fevereiro.  Mas a paralisação pode não avançar. Os sindicatos da Autoeuropa têm de entregar o pré-aviso de greve com uma antecedência mínima de cinco dias úteis. E  na sexta-feira tanto o Ministério do Trabalho da Solidariedade e da Segurança Social como a administração da Autoeuropa disseram que ainda não tinham recebido nenhum pré-aviso.

Simultaneamente, dois dos três sindicatos da Autoeuropa garantem que não apoiam a greve. "O sindicato não vai avançar com qualquer marcação de greve porque estão a decorrer negociações com a empresa e achamos que este não é o momento oportuno para a greve", disse ao Negócios Eduardo Florindo, do sindicato SITE Sul, afecto à CGTP. Já o Sindel, afecto à UGT, também disse não apoiar as paragens previstas para 2 e 3 de Fevereiro. "Não estamos comprometidos com nenhum pré-aviso de greve", afirmou Alberto Vale, do Sindel. Por seu lado, a outra estrutura sindical, o SIMA, indicou na sexta-feira ainda não ter tomado uma decisão final. "A decisão [sobre a entrega do pré-aviso de greve] não está tomada ainda", disse José Simões. 

Creches ao sábado arrancam só para a Autoeuropa

Foi um dos assuntos mais mediáticos da semana passada: o Governo vai pagar as creches ao sábado dos filhos dos trabalhadores da Autoeuropa. Depois de muita informação confusa, a secretária de Estado da Segurança Social, Cláudia Joaquim, veio dizer que os apoios que estão em vigor dizem somente respeito aos "cinco dias da semana", em que as creches ficam abertas até mais tarde nos dias úteis, e não aos fins-de-semana. Reconheceu que existe uma "necessidade" de creches ao sábado no distrito de Setúbal e disse estar disposta a "avaliar se existe disponibilidade das instituições" para estarem abertas neste dia. Se tal acontecer, o Governo afirma-se disposto a prestar apoios aos pais, e que trabalhadores de outras empresas possam recorrer a essas creches, desde que haja "procura" suficiente, pois tem de ser "sustentável" para as instituições. O Governo promete "avaliar" se o apoio aos trabalhadores da Autoeuropa "correu bem" e "equacionar a sua generalização".

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