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Viticultores da Bairrada contra traçado da alta velocidade Porto-Lisboa

A Comissão Vitivinícola da Bairrada assume estar preocupada com o traçado previsto para o troço da alta velocidade entre Porto e Soure já que diz estarem previstos troços que atravessam e vão afetar este território.

O plano Ferrovia 2020 estava previsto, em 2016, ficar concluído até ao terceiro trimestre de 2021.
Regis Duvignau/Reuters
09 de Agosto de 2023 às 14:27
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A Comissão Vitivinícola da Bairrada (CVB) mostrou-se apreensiva e manifestou preocupação no parecer que deu no âmbito da consulta pública promovida pela Agência Portuguesa do Ambiente (APA) para a avaliação de impacto ambiental ao estudo prévio da linha de alta velocidade entre o Porto e Lisboa.


"A decisão política de se avançar com a construção da linha de alta velocidade vai ter um impacto bastante negativo nesta região vitivinícola do centro de Portugal, na medida em que há troços que atravessam aquele que é o território vitivinícola da ‘Indicação Geográfica Beira Atlântico’, onde se insere a ‘Região Demarcada da Bairrada’, afirma em comunicado.


A construção da linha de alta velocidade, acrescenta a CVB, "tal como é apresentada destrói uma mancha que, ao longo dos últimos anos, tem sido um dos maiores cartões-postais da região vitivinícola da Bairrada".  "A sua singularidade e identidade vão, desta forma, ser irremediavelmente afetadas", frisa.

Em seu entender, os eventuais benefícios do projeto, como a diminuição do tempo de viagem de comboio entre Lisboa e Porto, o aumento da competitividade, a descarbonização do setor dos transportes ou a redução da sinistralidade rodoviária "não nos impede de ter uma posição crítica" pelo facto de "os que produzimos os vinhos da Bairrada sermos uma parte desse mesmo Portugal".


Pedro Soares, presidente da CVB, relembra ainda, citado na mesma nota, que "a região é já dividida por outras vias de comunicação existentes, que, em benefício coletivo, causam danos irreparáveis à nossa região".

Para a Comissão, os traçados que são do conhecimento público "são extremamente penalizadores para a região da Bairrada".


Em seu entender, "o cultivo da vinha é uma atividade económica com enorme importância social e cultural, mas também económica" e "através das Denominações de Origem é possível valorizar uma atividade não deslocalizável (produção de uvas), fixar população, contribuir de forma decisiva para a economia local e tornar mais sustentável todo um território".

"As obras necessárias, os taludes a efetuar, os transportes durante a fase de construção e um conjunto de condicionantes associados a este tipo de projetos vão, em muitos casos, alterar de forma irrecuperável boa parte da região bairradina", afirma ainda aquela entidade, recordando que ao longo dos últimos anos "vários foram os investimentos efetuados na recuperação e plantio de vinha, na adaptação, manutenção e construção de adegas".

Pedro Soares  afirma ainda que a Comissão Vitivinícola da Bairrada "não é contra a linha ferroviária de alta velocidade em Portugal, mas não podemos concordar e aceitar os traçados propostos, pois são demasiado penalizadores" para a região.

A CVB, que diz não ter sido formalmente contactada até ao momento, acredita que "é possível encontrar outras opções de traçado que não castiguem, uma vez mais, a região".

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