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SEDES: Plano de Eficiência Hídrica do Alentejo é "ambicioso", mas "é preciso que se concretize rápido"

Pedro Santos, da SEDES, elogia objetivos constantes do plano como a poupança de 12% dos consumos nos aproveitamentos hidroagrícolas coletivos, mas defende rapidez na execução, lembrando que o Plano Regional de Eficiência Hídrica do Algarve foi apresentado em 2020 e "ainda está muito por fazer".

22 de Junho de 2023 às 14:09
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O Plano Regional de Eficiência Hídrica do Alentejo, que prevê um investimento na ordem dos 1.000 milhões de euros, a maior parte destinada ao setor agrícola, é "positivo, interessante e ambicioso", mas "é preciso que se concretize rapidamente", diz Pedro Santos, do observatório da sustentabilidade da SEDES - Associação para o Desenvolvimento Económico e Social.

Os principais contornos do plano foram apresentados, esta quarta-feira, na Estação Elevatória dos Álamos, uma das maiores da Europa e um dos projetos mais transformadores da economia, do ambiente e da agricultura do Alentejo das últimas décadas, pelo Governo que fez, aliás, saber que um dos "grandes temas" do Conselho de Ministros, que se realiza hoje, em Évora, será precisamente a sua aprovação para discussão pública. 

Destinado a "otimizar os recursos, melhorar a eficiência e adaptar o território", o plano conta com um envelope de 993 milhões de euros, com 79% das verbas destinadas à execução de 41 medidas delienadas para o setor agrícola.

"É um plano positivo e ambicioso, com objetivos bastante interessantes", diz Pedro Santos ao Negócios, destacando a meta de se alcançar uma poupança na ordem dos 12% nos consumos de água hidroagrícolas coletivos, assim como outras medidas como a modernização das redes de rega de blocos gravíticos ou a captação do volume morto de albufeiras, apontando que seria particularmente importante nas barragens do sudoeste alentejano, "que têm ainda um nível de disponíbilidade hídrica muito assustador, com muitas abaixo de 20%".

O agrónomo aplaude também os investimentos ligados ao Alqueva, como novas ligações a Reguengos, Messejana, Monte da Rocha e Vidigueira, parte das quais já anunciadas, considerando que "são blocos importantes para uma série de novos regadios e que podemm ter bastante impacto para a agricultura".  Interessante - diz - é o projeto de uma dessalinizadora no rio Mira, com um investimento estimado na ordem dos 50 milhões de euros, até pelo próprio modelo operacional já que está previsto que seja fruto de uma parceria com privados.

Apesar de saudar o plano, o responsável assinala que "é preciso é que se concretize rapidamente". "Não nos esqueçamos que o Plano Regional de Eficiência Hídrica do Algarve foi apresentado em julho de 2020 e ainda está muito por fazer. Não basta apresentar planos. Estamos todos um pouco cansados de planos - temos é de trabalhar rapidamente para garantir qu minizamos estes problemas da água", aponta.

Segundo indicou, esta quarta-feira, o Governo, o horizonte de concretização das medidas previstas no Plano de Eficiência Hídrica do Alentejo é 2030, embor "a maior parte concretizável até 2027".

Para o responsável da SEDES, "não há falta de água no país", mas antes "incapacidade de a ter disponível quando é necessário", algo que tem de ser alterado, o que pode então passar por "aumentar o armazenamento das barragens existentes". "Espanha armazena 95% das suas afluências e tem muito menos rios e bacias hidrográficas, enquanto nós armazenamos pouco mais de metade - 53%", compara.

Olhando para o uso na agricultura, Pedro Santos indica que, desde 2013, também promovida pelo Alqueva, cresceu em 62% a superfície regada dentro de perímetros públicos, apontando que, embora a "maior adesão ao regadio seja boa em termos de produção" cria, em simultâneo, "maior pressão sobre estes recursos".

O também diretor-geral da consultora agrícola Consulai destaca, no entanto, o "impressionante" trabalho que tem sido feito pelos agricultores ao nível da gestão da água. "Nos útimos 30 anos, a agricultura reduziu o consumo médio de 12 mil metros cubicos por hectare para menos de 4 mil, é uma diminuição de quase 70%", enfatiza o mesmo responsável, atribuindo esse resultado à mudança para sistemas mais eficientes.

Pedro Santos falava no dia em que a SEDES organiza, em Évora, a primeira conferência de um ciclo de três dedicadas à importância da água, com a de hoje centrada precisamente na agricultura, que contará com a presença da ministra, Maria do Céu Antunes. A segunda conferência, a ter lugar no próximo mês em Lisboa, vai ser subordinada à água em meio urbano e ao uso industrial, enquanto a terceira será em Santarém e estará focada na vertente da coesão territorial.




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