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Campanha cerealífera será das piores face a decréscimo das áreas e reduzidas produtividades

A produção das culturas forrageiras registou quebras que rondam os 50% no Alentejo. A insuficiência de disponibilidades para os efetivos pecuários levou um aumento na procura de alimentos conservados, como fenos, silagens ou palhas que, no atual cenário de escassa oferta, passaram a custar o dobro do ano passado.

Valentyn Ogirenko/Reuters
21 de Junho de 2023 às 12:25
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A atual campanha cerealífera de outono/inverno "deverá ser das piores" devido "ao decréscimo das áreas e às reduzidas produtividades" em mais um ano de seca que atinge 99,9% do território de Portugal continental, com 35,2% em seca severa ou extrema, indicam as previsões agrícolas, em 31 de maio, divulgadas, esta quarta-feira pelo Instituto Nacional de Estatística (INE).

"A ausência de precipitação na primavera, associada a elevadas temperaturas, interferiu, de forma muito negativa, no ciclo vegetativo dos cereais praganosos de sequeiro", como o trigo (mole e duro), centeio, cevada, aveia e triticale, explica o INE, dando conta de que, o regadio, os cereais "também deverão ter quebras de produtividade, às quais se associa o aumento de custos resultantes da necessidade de incremento das regas".

As pastagens e forragens também foram "consideravelmente afetadas" - com a produção das culturas forrageiras a registar quebras que rondam os 50% no Alentejo - afigurando-se "insuficientes para assegurar a alimentação de muitos efetivos pecuários a sul do Tejo, o que conduziu, por seu turno, a "um aumento na procura de alimentos conservados (fenos, fenossilagens, silagens e palhas) num cenário de escassa oferta (interna e externa), com os preços a duplicarem face a 2022", assinala o INE.

"Atendendo a estas dificuldades, alguns produtores estão a optar por reduzir o efetivo reprodutor, havendo mesmo casos de abandono da atividade no Baixo Alentejo e Algarve", sinaliza.

Já a produtividade da batata de sequeiro, globalmente, e apesar das assimetrias regionais, deverá decrescer 5% e 31% em relação à média do último quinquénio, "em consequência das más condições meteorológicas" que têm no entanto, "pouca relevância" no caso da de regadio, cuja plantação decorreu com normalidade. Em termos de área, aliás, a de batata de sequeiro deverá decrescer 5%, enquanto a de regadio aumentar nessa proporção, o que traduz, num incremento global de 4% face a 2022.

Já nos pomares de cerejeiras registam quebras de produtividade muito significativas, na ordem dos 50%, devido às condições meteorológicas adversas, desta feita, incluindo fortes aguaceiros, "a falta de horas de frio atempadas, amplitudes térmicas muito acentuadas na fase da floração/polinização, que prejudicaram o vingamento dos frutos e, posteriormente, a continuação de temperaturas muito elevadas, que aceleraram a maturação", indica o INE.

Em contrapartida, as elevadas temperaturas não afetaram o desenvolvimento vegetativo dos pessegueiros, devendo a produtividade ser próxima dos valores normais.

A instalação de culturas de primavera/verão, essa, tem decorrido normalmente, com a campanha de regadio assegurada em 60 albufeiras hidroagrícolas, mantendo-se cinco com restrições de utilização de água de rega desde o ano passado. A 31 de maio, as sementeiras de milho para grão de regadio estavam praticamente concluídas, prevendo-se que a área seja semelhante à instalada em 2022.

Já a superfície de arroz deverá aumentar 5%, devido à conclusão das obras nos canais do aproveitamento hidroagrícola do Vale do Sado. As plantações de tomate para a indústria também se desenrolaram "em boas condições e sem atrasos", com a área contratada de tomate entre a indústria transformadora e as organizações de produtores e/ou produtores individuais a atingir 17,7 mil hectares, o que corresponde a um aumento de 7% em relação à área contratada em 2022 e de 16% face à área declarada no Pedido Único do mesmo ano.


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