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Produção de amêndoa deve atingir valor mais elevado de sempre
Perspetivas da produção de castanha são "boas", assim como as da laranja que recuperam de um ano marcado pela seca. Já a produção vitivinícola deve sofrer uma diminuição, na ordem dos 10%, segundo a estimativas do INE que atesta que face a dificuldade de escoamento há uvas que ficaram por vindimar.
A produção de amêndoa em Portugal deverá alcançar as 80 mil toneladas este ano, o valor mais elevado desde 1968, como "resultado da entrada em plena produção de muitos amendoais intensivos, principalmente no Alentejo, que contrabalançaram amplamente as reduções observadas no Douro Superior".
De acordo com o boletim mensal da Agricultura e Pescas, recentemente publicado pelo Instituto Nacional de Estatística (INE), elaborado com informação disponibilizada até 15 de outubro, a produção nacional deve crescer 15% face à campanha anterior, atingindo o valor mais elevado da série histórica que, nas Estatísticas Agrícolas de 2023, recuam até 1968.
No Alentejo, a entrada em plena produção de muitos pomares intensivos é o fator determinante para o aumento da 20% da produção, face à campanha anterior, embora "alguns produtores refiram que as limitações impostas na dotação máxima de rega (6.000 m³/hectare) por parte do EFMA [Empreendimento de Fins Múltiplos do Alqueva] condicionaram os calibres e refletiram-se nas produtividades alcançadas". Já no Douro Superior o vingamento do fruto foi prejudicado pelas chuvas e baixas temperaturas, afetando principalmente as variedades de floração mais precoce e os pomares mais expostos", explica o INE.
E a menos de um mês do S. Martinho, as perspetivas também são "boas" para a produção da castanha, com o INE a indicar que "na generalidade dos soutos transmontanos as árvores apresentam uma carga de ouriços normal e um melhor estado sanitário face aos dois anos anteriores, muito marcados por pragas e doenças no castanheiro".
"Se as condições continuarem favoráveis, tudo indica que a produção de castanha será de melhor qualidade e consideravelmente superior à das duas últimas campanhas, a que acresce o facto de existirem novos soutos a entrarem em produção", lê-se no boletim.
A produção de maçã deve aumentar globalmente 5%, segundo as previsões agrícolas, com os dados da colheita da variedade Gala, concluída em meados de setembro, a indiciarem uma produtividade ligeiramente superior ao ano transato (cerca de 5%), "com boa qualidade dos frutos, embora com calibres e 'brix' [teor de sacarose] inferiores. Já a Golden, cuja colheita está em curso, deve ter uma produção abaixo de um ano normal, ainda que com qualidade dentro dos padrões habituais, enquanto as maçãs Fuji, em sentido inverso, devem ter uma produção superior ao ano anterior.
A produção de laranja, após uma campanha marcada pela seca, "recupera para valores normais". Segundo o INE, no Algarve a produção das variedades precoces de laranja decresceu 10%, face à campanha anterior (devido ao decréscimo dos calibres), e as de meia estação e tardias retomaram as produções normais, duplicando face a 2023. A produção nacional de laranja em 2024 deverá alcançar as 345 mil toneladas, o que representa um aumento de 25% face ao ano anterior.
Já a produção de pera do Oeste ficou, pelo terceiro ano consecutivo, "muito aquém do potencial produtivo da região, apesar de ligeiramente superior à da campanha passada (a menor das últimas duas décadas), embora com diferenças entre produtores em função do nível de incidência do fogo bacteriano e de estenfiliose", explica o INE.
A produtividade do kiwi foi comprometida pelas condições meteorológicas e pela proibição da utilização da cianamida hidrogenada, substância ativa que interrompe a dormência vegetativa (induzindo uma floração homogénea) e, segundo o INE, deve cair para o mais baixo valor do último quinquénio.
Uvas por vindimar
De acordo com o boletim mensal da Agricultura e Pescas, a produção vitivinícola também deve sofrer uma diminuição, na ordem dos 10%, depois de uma campanha - as vindimas devem terminar este mês - "em condições climatericamente adversas, coincidindo as fases de maior vulnerabilidade sanitária das videiras com períodos de precipitação, humidade elevada e calor. "Sob forte pressão de doenças criptogâmicas, sobretudo de míldio (geograficamente generalizado, mas com mais incidência nas regiões vitivinícolas de Lisboa e do Tejo) de oídio (também com intensidade considerável nas regiões da Bairrada, do Dão e de Lisboa) e das podridões (nas regiões dos Vinhos Verdes e da Beira Interior), o controlo destas doenças não foi, em muitos casos, totalmente eficaz, mesmo com o estrito cumprimento de exigentes calendários de tratamentos fitossanitários", detalha.
"Este facto, associado aos estragos provocados pelos escaldões de agosto e pelos incêndios de setembro (regiões do Dão, Lafões e dos Vinhos Verdes), contribuíram para uma previsível diminuição da produção (-10%, face à vindima de 2023), que deverá situar-se nos 6,6 milhões de hectolitros", indica.
O INE destaca ainda que a procura de uvas para vinificar diminuiu significativamente em particular na região vitivinícola de Trás-os-Montes, "uma vez que diversas adegas de dimensão considerável ainda possuem
grandes quantidades de vinho da campanha anterior armazenado, não necessitando (ou não tendo capacidade) de vinificar este ano", uma situação que "contribuiu para que alguns viticultores, sem comprador nem capacidade de transformar a sua produção, não tenham realizado a vindima".