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O projecto de 1,5 mil milhões para produzir super-camarões
O camarão de rápido crescimento é a prioridade, mas também precisa conter níveis extraordinariamente elevads de ómega 3 e ganhar uma atractiva tonalidade rosa ao ser preparado. O produto final será livre de antibióticos, pode ser maior que o punho de um homem e pesar 50 gramas - várias vezes mais do que um camarão congelado comum.
Algures nas vastas zonas de pesca ao largo da costa norte da Austrália está aberta a caça pelos Adãos e Evas necessários para criar uma super-raça de camarões.
Os escolhidos serão a chave do sucesso de um plano de 1,5 mil milhões de dólares da Seafarms Group para construir a unidade de produção de camarões do mundo desenvolvido. O maior desafio não é cavar 1.000 lagos num lugar quase tão grande como a Disney World, na Flórida, nem transportar os camarões de uma das regiões mais remotas da Austrália para os mercados da Ásia.
A viabilidade do projecto Sea Dragon está na criação em laboratório, dentro de alguns anos, daquilo que séculos de evolução natural não foram capazes. Os cientistas estão a tentar mapear o genoma do camarão-tigre-gigante para produzir um super-invertebrado que crescerá mais rapidamente, combaterá doenças de forma mais efectiva e terá um sabor melhor do que os seus irmãos que circulam livremente.
"Trata-se de uma selecção natural acelerada", diz Dean Jerry, professor da Universidade James Cook, em Townsville, na região norte de Queensland, que lidera uma equipa que trabalha no projecto com recursos da Seafarms e do governo australiano. "O que estamos realmente a tentar é um camarão que cresça o mais rapidamente possível."
O projecto Sea Dragon, que está a tentar angariar financiamento de investidores estrangeiros, também representa um teste à capacidade da Austrália de emergir do boom da mineração, do tipo que ocorre uma vez a cada 100 anos, e oferecer mais alimentos às populações crescentes da Ásia.
Os alimentos produzidos pela aquicultura terão de duplicar até 2030 para responder à procura global, segundo a Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura.
"Temos um desafio real, globalmente, de alimentar o mundo", diz o director da Seafarms, Chris Mitchell, em entrevista. "Os humanos fizeram isso com o frango, com a vaca e com a ovelha. Não é magia, apenas princípios científicos muito bons aplicados de forma rigorosa."
Uma desova
As habilidades reprodutivas do animal coincidem com a escala do projecto - que quando estiver totalmente finalizado, será o sétimo maior produtor do mundo. Uma fêmea de camarão-tigre produz até 400.000 filhotes numa única desova, dando aos exigentes cientistas um amplo leque de candidatos para avançar para a geração seguinte.
É notório que peixes e crustáceos criados em cativeiro são frágeis. Cerca de 40% são perdidos em todo o mundo devido a doenças antes que possam ser consumidos, segundo Jerry. Em algumas partes da Ásia, morreram populações inteiras de camarões criados em cativeiro.
O camarão de rápido crescimento é a prioridade, mas também precisa conter níveis extraordinariamente elevads de ómega 3 e ganhar uma atractiva tonalidade rosa ao ser preparado. O produto final será livre de antibióticos, pode ser maior que o punho de um homem e pesar 50 gramas - várias vezes mais do que um camarão congelado comum.