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O que Portugal e Espanha propõem para a sardinha

O Governo já discutiu com Espanha o novo plano de gestão da sardinha que os dois países se preparam para apresentar a Bruxelas. Conheça o essencial.

Pedro Elias
29 de Outubro de 2017 às 00:24
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A ministra do Mar vai propor à sua homóloga espanhola medidas, como a redução dos dias de pesca semanais, para a recuperação conjunta do 'stock' de sardinha, segundo um plano apresentado ao sector a que a Lusa teve acesso.

Um plano de acção/recuperação a médio prazo a acordar com Espanha figura entre as novas medidas de gestão para a pesca da sardinha para 2018 propostas na sexta-feira às organizações de produtores e aos sindicatos das pescas por Ana Paula Vitorino.


A concretizar-se, o acordo com Espanha vai ao encontro das reivindicações do sector para que o esforço de pesca, no âmbito da adopção de medidas de gestão do 'stock', seja igual para os dois países.


O plano prevê a não autorização para o aumento do tamanho das embarcações com licença para a arte do cerco durante os próximos cinco anos, redução dos dias de pesca semanais e cessações temporárias da actividade, com o apoio do Estado ao pagamento aos pescadores de um a dois meses de salário.


Com vista a salvaguardar o crescimento de sardinhas juvenis, está também em discussão a redução para os 13 centímetros do calibre mínimo da sardinha a ser comercializada.


Outra das medidas poderá ser a redução, para a meia tonelada, do limite diário de capturas por embarcação, que está actualmente fixado entre 0,5 e
3,7 toneladas, consoante o seu tamanho.


Em paralelo, a tutela propõe avançar com um programa de investigação mais abrangente, que inclua também informação relativa aos diários de pesca e aos desembarques diários, além das campanhas de monitorização do recurso com observações a bordo.


O Ministério do Mar compromete-se também a desenvolver o projecto Sardinha2020, apresentado ao programa comunitário Mar2020, com o objectivo de traçar um plano de gestão para a pesca do cerco em função de experiências e estudos científicos.


Os estudos deverão chegar a resultados sobre o impacto das alterações climáticas, da pesca e de contaminações, como os microplásticos, no 'stock' e na distribuição geográfica das espécies pelágicas costeiras - sardinha, carapau, cavala e biqueirão - e sobre as taxas de mortandade, crescimento e reprodução em função de parâmetros como a disponibilidade alimentar dessas espécies.


Governo e sector das pescas estão também a discutir a possibilidade de manter as medidas já implementadas, como a não atribuição de novas licenças para as embarcações do cerco ou a restrição das capturas da sardinha a 10% do total de pescado a bordo para a pesca do arrasto.


Além disso, estão a dialogar para manter o defeso biológico durante quatro meses, proibir a pesca a menos de 20 metros de profundidade e de um quarto de milha da costa e limitar as capturas diárias entre Março e Abril.


Os parceiros deverão voltar à mesa das negociações na próxima semana, antes de Portugal vir a fechar com Espanha, com quem divide a quota de pesca da sardinha, a proposta a apresentar à Comissão Europeia.


A ministra do Mar, Ana Paula Vitorino, admitiu, na sexta-feira, que os limites de captura de sardinha para Portugal e Espanha possam ultrapassar as 14 mil toneladas, quando em 2017 foram de 17 mil toneladas.


A 20 de Outubro, o Conselho Internacional para a Exploração do Mar recomendou a suspensão da pesca da sardinha em Portugal e Espanha em 2018, mas apontou, contudo, vários cenários de limites de capturas, estabelecendo como máximo as 24.650 toneladas.


No dia seguinte, a Comissão Europeia informou que não proíbe a pesca da sardinha, mas recomenda às autoridades portuguesas que encarem com seriedade as quebras nos 'stocks' da espécie devidas à sobrepesca e ao aumento da poluição.

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