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Maçã de Alcobaça encareceu 8%, mas custos de produção aumentaram 40%

Associação de Produtores de Maçã de Alcobaça alerta que aumento dos custos de produção e do processamento de maçã de Alcobaça IGP nas duas etapas produtivas oscila entre os 38 e os 44%, situação bem superior aos valores globais de inflação.

21 de Março de 2023 às 14:16
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Os custos de produção da maçã de Alcobaça aumentaram 40% nos últimos dois anos, mas o preço médio de venda subiu apenas 8%, um "fosso abismal" que constitui "a maior preocupação alguma vez vivida" pela comunidade produtora.

Num comunicado, enviado às redações, a Associação dos Produtores de Maçã de Alcobaça (APMA) apresenta uma análise de valores de variações comparativos de várias Organizações de Produtores de Maça de Alcobaça, correspondente à ponderação das quantidades vendidas de todas as oito variedades que fazem parte da Indicação Geográfica Protegida e da evolução dos seus custos de produção das duas últimas campanhas. E a conclusão foi a de que o aumento do preço de venda "não está minimamente em linha com o aumento dos custos de produção verificados no mesmo período, que superaram os 40%".

"Para esta comunidade empresarial e de famílias produtoras a realidade atual corresponde a serem forçados a conviver com uma inflação dos custos de produção desproporcionada e inigualável da ordem dos 40%, bem acima da inflação média veiculada nos meios de comunicação, ou mesmo sequer com a inflação verificada e anunciada nos bens alimentares", aponta a APMA.

Segundo a organização, olhando para os custos de produção nos últimos dois anos, verifica-se um aumento de 19,7% nos salários, de 45,8% nos produtos fitofarmacêuticos e biotécnicos, de 75% nos fertilizantes e de 83,8% no gasóleo agrícola.

Estes valores referem-se aos "quatro principais fatores de produção frutícola que representam no campo cerca de 80% de todo o custo de produção", diz a APMA, indicando que há ainda um outro grupo de custos, com uma imensa diversidade de rubricas de menor valor, que perfazem os restantes 20% de gastos obrigatórios para ter uma maçã no pomar. e que sofreram uma subida de 21% nos últimos dois anos. Desse grupo fazem parte despesas de foro administrativo, de controle e certificações, de seguros e seguros colheitas, de manutenção de equipamento, de amortizações, energia e regas e custos financeiros.

"A ponderação da totalidade dos custos referidos considerando a incidência de cada um, nas últimas duas campanhas proporcionaram um aumento médio de produção no campo da ordem dos 35%", aponta a APMA, discriminando também os aumentos dos custos registados em central fruteira que foram de 19,7% nos salários, 35% nas embalagens, de 36,5% no gasóleo rodoviário e de 394% na energia elétrica.

"Este tipo de custos corresponde a todo o processamento após a colheita da maçã, tais como, conservação, calibragem, classificação, embalamento e transporte, ou seja, também as quatro  maiores rubricas que representam cerca de 70% de todos os custos de preparação e processamento". E, além destas, existe igualmente um grupo diverso de outros custos que podem representar cerca de 30% do total dos gastos de processamento e preparação em pós-colheita, onde se incluem os custos administrativos, financeiros, de manutenção de equipamentos, com amortizações, de auditorias, com certificações e qualidade, com promoção e divulgação, entre outros.

Assim, neste capítulo, "constata-se através da ponderação das diferentes cinco rubricas um aumento de custo vertiginoso e assustador próximo dos 50%, ainda superior à etapa anterior referente aos custos de produção no campo".

"Apesar de alguma heterogeneidade da dimensão e natureza das diferentes organizações de produtores de maçã de Alcobaça, assim como alguma heterogeneidade de dimensão e condições de cada exploração ou família frutícola, facilmente e tristemente se verifica que o aumento da totalidade dos custos de produção e processamento de maçã de Alcobaça IGP nas duas etapas produtivas oscila entre os 38 e os 44%, situação bem superior aos valores globais de inflação calculados e veiculados pelos órgãos de comunicação social".

"Como confirmado pelo INE, o preço da maçã em Portugal não sofreu aumento médio do preço de aquisição da ordem dos 30% conforme anunciado de modo generalizado para os alimentos frescos, mas sim ausência de aumento registável em completo desalinhamento com a realidade dos custos de produção", diz a organização, na mesma nota em que aponta que é com isso que a opinião pública e os consumidores que preferem a qualidade portuguesa deviam estar preocupados. "Ao não se recuperar o equilíbrio dos custos com o preço, a produção deste tipo de alimentos vive em regime de insustentabilidade, o que a continuar dificultara ainda mais a produção dos mesmos e a oferta para a alimentar os portugueses nestas condições e neste abismal fosso causado pelos anormais aumentos de custos", frisa.

Assim, "para que quem ainda tem dúvidas de onde está a razão ou origem dos aumentos dos preços, tenha em atenção esta realidade e esteja atento aos setores de atividade que irão registar maiores aumentos de lucros no fecho das contas do ano", sublinha, apontando que "as famílias e empresas produtoras e de processamento exclusivo de maçã de Alcobaça IGP vão ter e apresentar os piores resultados dos últimos 20 anos", sendo de esperar que "a larga maioria"  reporte juízos e parte delas de valor significativo.


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