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Barómetro da PwC: Desafio do mar está nos fundos
Os últimos dados compilados pelo barómetro Leme, da PwC, apontam para uma diminuição do financiamento às actividades associadas ao mar. O desafio é atrair mais fundos ao sector.
O crédito ao sector das pescas e aquacultura e transportes marítimos sofreu uma redução em 2015, "invertendo a tendência de crescimento retomada em 2013 e que tinha sido interrompida em 2012". A conclusão é retirada da sétima edição do Leme – Barómetro da Economia do Mar, da consultora da PwC, cujas principais conclusões serão apresentadas esta quinta-feira, 19 de Janeiro, pela ministra do Mar, Ana Paula Vitorino, no Pavilhão do Conhecimento.
O barómetro, que a PwC iniciou em 2010, cruza dados sobre as actividades económicas ligadas ao mar, os indicadores de conjuntura nacional e os resultados a um questionário a "50 personalidades ligadas ao mar, abrangendo de uma forma transversal todos os subsectores da economia do mar em Portugal".
A consultora reconhece que, neste contexto, "o desafio será encontrar pontes entre a realidade dos subsectores embrionários ligados à alta tecnologia e investigação e desenvolvimento e a apetência do capital de risco". Paralelamente, manter-se-á igualmente desafiante estabelecer a relação entre a "realidade dos subsectores maduros e a vocação natural dos diversos produtos de financiamento normal". Em conclusão: há um "equilíbrio difícil de conseguir".
Mais "optimista" parece estar a PwC na área seguradora. Na sétima edição do Leme, afirma acreditar que a actividade seguradora "continuará a ser uma actividade estruturante no apoio à cobertura de riscos inerentes a todas as actividades da economia do mar e tenderá a ter uma evolução positiva". Mas isto, caso "se verifiquem aumentos significativos nas actividades relacionadas com a construção e manutenção/reparação naval, transportes marítimos, portos, logística e expedição, pesca, aquacultura e indústria do pescado e turismo".
Que fundos estão previstos?
Da parte do Governo, o instrumento previsto para financiar a economia do mar – designado Fundo Azul - arranca este ano com 13,6 milhões de euros, dos quais 10 milhões provenientes do Orçamento do Estado.
Neste caso, o mecanismo visa, sobretudo, investir em áreas com mais risco e menos rentabilidade, como a investigação, a ciência, e o empreendedorismo em economia do mar, conforme reiterou a ministra Ana Paula Vitorino a 28 de Outubro passado, aquando da apresentação do programa Mar2020.
O objectivo público, tem defendido a governante, é o Estado avançar primeiro, mas depois seguirem-se os privados. "Em termos de velocidade de cruzeiro, o objectivo é a própria economia do mar financiar o investimento", disse em Fevereiro de 2016. "Há a possibilidade de associação com capitais de risco", que se justificam quando se está a falar de "financiamento de economia", argumentou então Ana Paula Vitorino.
E caberá à Fundação Oceano Azul a gestão dos 40 milhões de euros com que a SFMS se comprometeu investir em Julho de 2015, na assinatura formal do acordo com o Estado. Na primeira década, a SFMS vai "investir 40 milhões a fundo perdido" neste projecto, disse então José Soares dos santos, CEO da SFMS.
Fonte oficial da SFMS garantiu ao Negócios, em Novembro, que o processo de "escritura das acções" entre a empresa veículo da SFMS para o negócio do Oceanário (Waterventures) para a Fundação estava então "por semanas" e ficaria concluído "até ao final do ano". Já a Fundação, "cuja sede será em Portugal, estava "a ser constituída" na mesma altura.