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Algarve: Agricultores alertam que cortes de água colocam em risco 95 mil toneladas de frutos
Recém-criada comissão, que reúne 120 agricultores e entidades do setor do Algarve, alerta que cortes no consumo de água podem levar a uma quebra na produção de 88.000 toneladas de laranjas, 6.500 toneladas de abacates, 850 toneladas de frutos vermelhos, cerca de 1 milhão de garrafas de vinho e toda a produção ornamental, no espaço de um ano.
A recém-criada Comissão para a Sustentabilidade Hidroagrícola do Algarve (CSHA), que reúne 120 entidades e agricultores algarvios, advertiu, esta quinta-feira, que os cortes no fornecimento de água colocam em risco a produção de 95.350 toneladas de fruta e representam "graves reduções" na de vinho, animais e flores no próximo ano, estimando perdas económicas na ordem dos 134 milhões de euros.
Em concreto, as produções de 2025 sofrerão cortes na ordem das 88.000 toneladas de laranjas, 6.500 toneladas de abacates, 850 toneladas de frutos vermelhos, ou seja, 95.350 toneladas de fruta, além de cerca de 1 milhão de garrafas de vinho, e a quebra total do setor das plantas ornamentais, calcula a CSHA, que analisou o impacto das medidas anunciadas pelo Governo (corte no consumo de água na agricultura de 15% em termos globais face ao ano passado) devido à seca sem paralelo no Algarve, com base também nos cálculos de chuva previstos.
"No Algarve, segundo dados da agora extinta Direção Regional de Agricultura e Pescas do Algarve, existem 22.000 hectares de regadio, 10.000 dos quais dependem de águas superficiais. Destes 10.000, neste momento, estão a regar 7.644 hectares, divididos por 6.000 no Sotavento (dos 8.600 abrangidos por este perímetro de rega) e 1.644 ha no perímetro de Silves, Lagoa e Portimão (dos 2.600 totais)", sendo que, "no caso do perímetro de rega da Bravura, que abrange 1.747 hectares - sendo a área beneficiada de 837 hectares -, a agricultura não recebe água pelo terceiro ano consecutivo", pelo que "com as novas medidas anunciadas pelo Governo, o perímetro de rega do Sotavento terá um corte de 72% e os perímetros de rega do Barlavento terão cortes entre os 65% e os 100% (Silves, Lagoa e Portimão e Bravura, respectivamente).
A comissão, formada precisamente na sequência do anúncio das restrições ao consumo de água, salienta que para os produtores instalados nestas áreas e dependentes de águas superficiais, o impacto das medidas será "enorme", uma vez que estão em causa as florações que darão origem aos frutos a colher na campanha 2024/2025. "Sem água para fazer um boa floração, vingamentos e passar o calor do verão, apenas se conseguirá assegurar a sobrevivência das árvores, comprometendo toda a produção", frisa.
Segundo a CSHA, o setor dos citrinos estima que os cortes de água anunciados resultem numa diminuição de 16% da produção já em 2024, com impacto direto na quantidade de fruta, na alteração da forma do fruto, ou até na redução da percentagem de sumo em cada fruta.
E depois de há dois anos o setor citrícola ter perdido acesso à água da barragem da Bravura, ficando apenas com ligação limitada à Barragem do Arade, o que começou a comprometer a produção, prevê então agora que alcance, em 2025, o valor mais baixo de produção dos últimos anos, sendo que, em determinadas variedades e produtores, a redução pode chegar aos 90%, diz a mesma entidade, num comunicado enviado às redações.
No que toca ao abacate, a organização refere que os cortes no consumo de água comprometem 1.330 hectares de abacates algarvios, mais de metade da área de plantação dos produtores analisados, com "duas consequências imediatas: a gestão deficitária de mais de 220 trabalhadores permanentes e 700 sazonais e a perda de competitividade para outros países, com a exportação de abacate a representar 90% do negócio".
Já os produtores de frutos vermelhos apontam para uma quebra de 18% de produção, com a gestão de água a prejudicar o funcionamento regular das estufas, onde trabalham cerca de 1.350 profissionais permanentes e 3.500 sazonais, especifica.
O setor vitivinícola, representado naquela entidade por 70 vinicultores e 55 produtores de vinho, garante, por seu turno, que os cortes de água anunciados podem conduzir a um estado de seca moderada, com uma quebra de produção de 60% em quantidade mas também em vinho de menor qualidade, alertando ainda que o enoturismo também está em risco, refere o mesmo comunicado.
De acordo com a CSHA, "o cenário mais grave é no ramo das ornamentais (flores), que estima uma quebra total do setor em 2025". "A falta de água prejudica por completo um produto onde se vende a "beleza" e o setor aponta para o desperdício de todas as flores dos 160 hectares, com um prejuízo de 30 milhões de euros", realça.
A produção animal também reitera que as medidas colocam em risco a manutenção de toda a atividade pecuária do Algarve, com um conjunto de 24 mil animais (bovinos, ovinos e caprinos), refere a mesma entidade, indicando que, "em 2023, houve um aumento na ordem dos 300% na compra de alimentos para os animais, dada a escassez de água na região, aumentando significativamente os custos de produção".
Mas este pode nem ser o pior cenário, adverte a CSHA. "O cenário apresentado poderá agravar caso não chova a estimativa do governo para os próximos meses. A CSHA reforça que os cortes de 25% do fornecimento de água para a agricultura são uma mera operação de cosmética".
Em alguns casos, salienta, "a redução pode chegar a 72%, com impactos agora evidentes para o ambiente e economia da região".
Neste sentido, a Comissão reitera que "não é contra medidas que procuram controlar um evidente problema hídrico do Algarve, uma questão urgente na região que se arrasta há décadas sem soluções concretas", mas deixa claro que "a agricultura não pode é continuar a ser considerada o parente pobre da economia algarvia".
Em concreto, as produções de 2025 sofrerão cortes na ordem das 88.000 toneladas de laranjas, 6.500 toneladas de abacates, 850 toneladas de frutos vermelhos, ou seja, 95.350 toneladas de fruta, além de cerca de 1 milhão de garrafas de vinho, e a quebra total do setor das plantas ornamentais, calcula a CSHA, que analisou o impacto das medidas anunciadas pelo Governo (corte no consumo de água na agricultura de 15% em termos globais face ao ano passado) devido à seca sem paralelo no Algarve, com base também nos cálculos de chuva previstos.
A comissão, formada precisamente na sequência do anúncio das restrições ao consumo de água, salienta que para os produtores instalados nestas áreas e dependentes de águas superficiais, o impacto das medidas será "enorme", uma vez que estão em causa as florações que darão origem aos frutos a colher na campanha 2024/2025. "Sem água para fazer um boa floração, vingamentos e passar o calor do verão, apenas se conseguirá assegurar a sobrevivência das árvores, comprometendo toda a produção", frisa.
Segundo a CSHA, o setor dos citrinos estima que os cortes de água anunciados resultem numa diminuição de 16% da produção já em 2024, com impacto direto na quantidade de fruta, na alteração da forma do fruto, ou até na redução da percentagem de sumo em cada fruta.
E depois de há dois anos o setor citrícola ter perdido acesso à água da barragem da Bravura, ficando apenas com ligação limitada à Barragem do Arade, o que começou a comprometer a produção, prevê então agora que alcance, em 2025, o valor mais baixo de produção dos últimos anos, sendo que, em determinadas variedades e produtores, a redução pode chegar aos 90%, diz a mesma entidade, num comunicado enviado às redações.
No que toca ao abacate, a organização refere que os cortes no consumo de água comprometem 1.330 hectares de abacates algarvios, mais de metade da área de plantação dos produtores analisados, com "duas consequências imediatas: a gestão deficitária de mais de 220 trabalhadores permanentes e 700 sazonais e a perda de competitividade para outros países, com a exportação de abacate a representar 90% do negócio".
Já os produtores de frutos vermelhos apontam para uma quebra de 18% de produção, com a gestão de água a prejudicar o funcionamento regular das estufas, onde trabalham cerca de 1.350 profissionais permanentes e 3.500 sazonais, especifica.
O setor vitivinícola, representado naquela entidade por 70 vinicultores e 55 produtores de vinho, garante, por seu turno, que os cortes de água anunciados podem conduzir a um estado de seca moderada, com uma quebra de produção de 60% em quantidade mas também em vinho de menor qualidade, alertando ainda que o enoturismo também está em risco, refere o mesmo comunicado.
De acordo com a CSHA, "o cenário mais grave é no ramo das ornamentais (flores), que estima uma quebra total do setor em 2025". "A falta de água prejudica por completo um produto onde se vende a "beleza" e o setor aponta para o desperdício de todas as flores dos 160 hectares, com um prejuízo de 30 milhões de euros", realça.
A produção animal também reitera que as medidas colocam em risco a manutenção de toda a atividade pecuária do Algarve, com um conjunto de 24 mil animais (bovinos, ovinos e caprinos), refere a mesma entidade, indicando que, "em 2023, houve um aumento na ordem dos 300% na compra de alimentos para os animais, dada a escassez de água na região, aumentando significativamente os custos de produção".
Mas este pode nem ser o pior cenário, adverte a CSHA. "O cenário apresentado poderá agravar caso não chova a estimativa do governo para os próximos meses. A CSHA reforça que os cortes de 25% do fornecimento de água para a agricultura são uma mera operação de cosmética".
Em alguns casos, salienta, "a redução pode chegar a 72%, com impactos agora evidentes para o ambiente e economia da região".
Neste sentido, a Comissão reitera que "não é contra medidas que procuram controlar um evidente problema hídrico do Algarve, uma questão urgente na região que se arrasta há décadas sem soluções concretas", mas deixa claro que "a agricultura não pode é continuar a ser considerada o parente pobre da economia algarvia".