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Secretário de Estado da Saúde ameaça "privatizar" ADSE

Francisco Ramos  critica o "inaceitável clima de chantagem sobre os poderes públicos e sobre as pessoas", criando "uma situação de captura do interesse público por um conjunto de hospitais e clínicas privadas".

Inês Gomes Lourenço
16 de Fevereiro de 2019 às 10:41
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Francisco Ramos, secretário de Estado Adjunto da Saúde com a responsabilidade da ADSE, diz que o subsistema de saúde pode acabar privatizado se não prosseguir o interesse público.

 

"A ADSE ainda é uma entidade pública e tem de prosseguir o interesse público. Se quiser seguir o interesse privado dos seus beneficiários, então privatize-se", disse o Expresso.

 

Esta "ameaça" do secretário de Estado contrasta com os sinais de apaziguamento deixados pelo primeiro-ministro sobre a polémica da ADSE. António Costa apelou à "serenidade" e deixou uma "palavra de confiança para todos os beneficiários da ADSE, de que os cuidados de saúde não estão em causa. Estarão integralmente assegurados, assim como está assegurada a continuidade da ADSE.

 

Francisco Ramos  acrescentou que "a ADSE manterá abertos os seus canais" e "não há nenhuma orientação do Governo para que seja o Ministério a assumir o papel" de negociador.

 

O secretário de Estado criticou o "inaceitável clima de chantagem sobre os poderes públicos e sobre as pessoas", criando "uma situação de captura do interesse público por um conjunto de hospitais e clínicas privadas".

 

"Quem financia, praticamente por inteiro, a ADSE são os seus beneficiários, mas esta ainda é uma entidade pública. Se serve apenas para financiar as clínicas privadas, independentemente do interesse que tem pela saúde dos seus beneficiários, é uma lógica completamente contrária àquela que o Ministério da Saúde deve prosseguir e que se traduz no Serviço Nacional de Saúde", afirmou.

Financiamento da ADSE a privados sobe

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A parcela de negócio dos hospitais privados paga pelos subsistemas de saúde dos funcionários públicos, designadamente a ADSE, subiu muito em 2016. Segundo o INE, atingiu os 20,8%. Sobe para 25,9% se retirarmos os hospitais em PPP, onde os gastos com os beneficiários da ADSE são contabilizados como despesa do SNS.

A terceira principal fonte dos privados

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Os subsistemas de saúde dos funcionários públicos são a terceira principal fonte de financiamento dos hospitais privados. Acima só está o SNS (que paga aos privados para complementar os cuidados de saúde) e sobretudo as famílias, que suportam a maior factura (isto sem contar com o que pagam aos seguros).

Luz Saúde e José de Mello lideram faturas

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A Luz Saúde e José de Mello são de longe os grupos com maior peso na faturação apresentada à ADSE. Os dados relativos a 2017, divulgados há cerca de um ano pela ADSE ao Negócios, mostram que estes dois grupos apresentaram mais de um terço dos 280 milhões de euros faturados à ADSE nesse ano.

Privados precisam mais do SNS que da ADSE

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Muito mais importante para a actividade dos privados do que a ADSE é o Serviço Nacional e Regional de Saúde. Se nos hospitais privados, a ADSE tem um peso expressivo, o mesmo já não acontece nos laboratórios médicos e de diagnóstico, nos consultórios ou unidades de cuidados continuados.

 

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