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Ministro diz que ADSE está a "apertar a malha de escrutínio" e a garantir que dinheiro é bem usado
O ministro da Saúde considera que as negociações das novas tabelas da ADSE, o subsistema de saúde dos funcionários do Estado, servem para tentar garantir que o dinheiro dos seus beneficiários é bem utilizado.
"A ADSE está a apertar a malha de escrutínio e a garantir que o dinheiro dos beneficiários não é mal utilizado", afirmou Adalberto Campos Fernandes durante a comissão parlamentar de Saúde onde está presente hoje, considerando normal que haja reacções adversas quando se tenta negociar e proteger os beneficiários.
As novas tabelas de preços que a ADSE apresentou ao sector privado e que deverão entrar em vigor a 1 de Março têm motivado fortes críticas deste sector, tendo a Associação Portuguesa de Hospitalização Privada considerado que os valores propostos representam "perdas incomportáveis" para os privados e podem pôr em causa o acesso dos beneficiários aos cuidados de saúde.
De acordo com a Associação, as tabelas reduzem o valor pago aos prestadores de serviços que têm convenção com o sistema e reforçam o controlo das despesas públicas.
A nova tabela proposta também mereceu contestação dos médicos e dos dentistas.
Segundo disse à Lusa o bastonário da Ordem dos Médicos, são "absolutamente escandalosos" os preços que a ADSE paga por alguns actos médicos, que muitas vezes não chegam sequer para as despesas do material usado em exames.
Miguel Guimarães acrescentou ainda que tem recebido, de forma reiterada, queixas sobre os preços pagos pela ADSE, reclamações que chegam sobretudo da medicina privada.
Por seu lado, a Ordem dos Médicos Dentistas pediu aos profissionais que ponderem acabar com o acordo com a ADSE caso se mantenha a proposta das novas tabelas de preços, que o bastonário considera "absolutamente incompatíveis com tratamentos de qualidade".
Em declarações à agência Lusa, o bastonário Orlando Monteiro da Silva disse que as regras e preços da ADSE para a medicina dentária devem fazer com que os dentistas deixem de ter acordo com o subsistema dos funcionários públicos.
Na terça-feira, o presidente da Associação Portuguesa dos Administradores Hospitalares considerou que o Serviço Nacional de Saúde tem capacidade para assegurar os cuidados prestados pelos privados para a ADSE, desde que com o mesmo financiamento.
"Se derem ao SNS o financiamento que está a ser utilizado para a prestação de bens e serviços no sector privado, naturalmente o SNS teria capacidade de garantir esta prestação de cuidados", disse Alexandre Lourenço em entrevista à agência Lusa.