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Médicos ameaçam três dias de greve se Ministério da Saúde não der respostas

Organizações representativas dos médicos decidiram recorrer a uma greve de três dias caso o Ministério da Saúde não satisfaça o caderno reivindicativo destes profissionais até ao final de Março.

Ricardo Castelo/Negócios
16 de Janeiro de 2018 às 23:34
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A decisão foi transmitida esta terça-feira aos jornalistas, no final de uma reunião do Fórum Médico, que decorreu na sede da Ordem dos Médicos, por dirigentes do Sindicato Independente dos Médicos (SIM) e pela Federação Nacional dos Médicos (FNAM).

 

"O ministro da Saúde [Adalberto Campos Fernandes] está a faltar a um compromisso que está a conduzir a uma degradação do Serviço Nacional de Saúde e dos cuidados primários e hospitalares", disse o secretário-geral do SIM, Jorge Roque da Cunha.

 

De acordo com o dirigente, a falta de respostas aos problemas apresentados pelas organizações representativas dos médicos, leva-os a "mostrar o cartão vermelho" ao Ministério da Saúde.

 

Além do SIM e da FNAM, integram o Fórum Médico a Ordem dos Médicos, a Associação Portuguesa dos Médicos de Medicina Geral e Familiar, a Comissão Nacional do Médico Interno, entre outras organizações representativas destes profissionais.

 

As organizações acusam o ministro da Saúde de não ter retomado negociações com os médicos desde a última greve, realizada em Novembro, para resolver os problemas profissionais. "Vamos dar dois meses ao ministro da Saúde para resolver os problemas, e caso a situação não mude, os médicos vão fazer três dias de greve no final do primeiro trimestre" deste ano, disse Roque da Cunha.

 

As organizações reclamam a abertura de concursos para especialistas, a redução das horas extra nas urgências de 18 para 12, a diminuição do número de utentes em lista de espera de 1.900 para 1.550 e a diminuição das horas extraordinárias para 200 por ano.

 

No final da reunião, o bastonário da Ordem dos Médicos (OM), Miguel Guimarães, disse aos jornalistas que a entidade "estará sempre do lado dos médicos na aplicação das formas de luta que entenderem". "A greve é uma decisão plausível e aceitável", comentou o bastonário, manifestando "bastante preocupação com os cuidados de saúde em Portugal".

 

"Há desigualdades no acesso à saúde, e a qualidade dos cuidados de saúde está a decair", disse o bastonário, acrescentando que irá apresentar um caderno de propostas ao Ministério da Saúde para combater esta situação.

 

Entre essas propostas estão a realização de uma auditoria aos hospitais públicos, a diminuição dos 4.000 médicos especialistas em falta no Serviço Nacional de Saúde e a melhoria dos equipamentos nas unidades de saúde.

 

Sobre o atraso na abertura de concursos para médicos especialistas, Miguel Guimarães considerou uma "vergonha nacional" e "inaceitável" que "cerca de 700 jovens especialistas formados estejam disponíveis e à espera" de colocação.

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