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Despesa corrente per capita em saúde volta a subir em 2017

Este indicador tem vindo a aumentar consecutivamente desde 2013, mas ainda continua abaixo da média da OCDE, de acordo com os dados publicados num relatório do Conselho das Finanças Públicas.

11 de Dezembro de 2018 às 12:31
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A despesa corrente per capita em saúde em Portugal atingiu os 2.888 dólares (1.684 euros) ajustados à paridade do poder de compra em 2017, um valor que apesar de confirmar o crescimento continuado registado desde 2013, está ainda assim bastante abaixo da média dos países da OCDE, que foi de 4.012 dólares.

 

Os números constam no relatório que o Conselho das Finanças Públicas (CFP) divulgou esta terça-feira, dia 11 de Dezembro, sobre os "Sistemas de Saúde", um documento que descreve e compara os principais elementos que caracterizam o sistema de saúde português com os dos restantes países da OCDE.

 

A despesa corrente per capita chegou a atingir os 2.684 dólares em 2010 –a média da OCDE foi de 3.177 dólares - desceu nos dois anos seguintes e reiniciou uma trajectória de crescimento consecutivo em 2013 até ao ano passado.

De acordo com o relatório, a despesa corrente com saúde representou os 9% do PIB em 2017, o que representa um acréscimo de 0,6 pontos percentuais (p.p.) em relação ao ano 2000. Já na OCDE, o crescimento acumulado foi de 1,7 p.p. para atingir os 8,8% do PIB no final do período.

"Ao longo destes 17 anos, Portugal manteve um rácio de despesa corrente em saúde no PIB superior ao verificado na média dos países-membros da OCDE, apesar de se ter registado uma aproximação deste indicador à média do grupo de comparação após 2009", lê-se no documento.

Relativamente à despesa corrente pública em relação ao PIB, o CFP refere que Portugal tinha um rácio de 6% em 2016, inferior à média da OCDE (6,6% do PIB).

A variação acumulada entre os anos de 2000 e 2017 foi de apenas 0,1 p.p. do PIB em Portugal, passando de 5,9% em 2000 para 6,0% em 2017, destaca o Conselho, salientando que este crescimento compara com uma variação acumulada de 1,3 p.p. para a média dos países-membros da OCDE.

"O rácio da despesa corrente pública face ao PIB situou-se abaixo do verificado para os Estados-Membros da OCDE a partir de 2009, diferindo do observado para a despesa corrente total no PIB", acrescenta.

"Restrições efectivas no acesso"

Em relação à despesa corrente privada, o relatório refere que o rácio foi de 3,1% do PIB em 2017, valor superior à média calculada para o grupo de países da OCDE (2,3%). Em termos acumulados, Portugal registou um aumento de 0,5 p.p. desde o ano 2000, enquanto que na média dos países da OCDE, o crescimento foi de apenas 0,2 p.p. do PIB. Em termos relativos, os privados (que inclui as famílias) são responsáveis por 33,4% da despesa corrente em saúde, mais 3,9 pontos do que em 2000, quando na média da OCDE houve até uma redução de 2,2 pontos para 26,9%. 

"Considerando que Portugal possui um sistema nacional de saúde com cobertura automática e integral da população, um aumento no rácio da despesa privada em saúde face ao PIB sugere a existência de restrições efectivas no acesso da população aos cuidados de saúde disponibilizados no Serviço Nacional de Saúde", escrevem os autores deste documento Gisele Teixeira Braun e Luís Gomes Centeno.

 

O Conselho das Finanças Públicas salienta ainda o facto de "apesar de o financiamento do sistema de saúde em Portugal ser maioritariamente público, o rácio da despesa corrente pública em relação à despesa corrente total é inferior ao observado para a média da OCDE".

 

Este rácio registou uma diminuição acumulada de 3,8 pontos percentuais entre 2000 e 2017, tendo passado de 70,5% em 2000 para 66,6% em 2017. Em contrapartida, o rácio da despesa corrente privada em relação à despesa corrente total passou de 29,5% para 33,4% no período em análise. Na OCDE, o rácio da despesa corrente privada no PIB decresceu 2,2 p.p., passando de 29,1% em 2000 para 26,9% do PIB em 2017..

 

O relatório revela ainda que tal como para a totalidade da despesa corrente privada (famílias, seguradoras, instituições sem fins lucrativos ao serviço das famílias e outras sociedades), a despesa directa das famílias registou um aumento acumulado de 2,2 p.p. entre os anos 2000 e 2017, passando de 25% para 27,2% da despesa corrente total, o que representa "uma cada vez maior participação destes financiadores na totalidade do sistema de saúde português".

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