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Covid-19: Grupo de Apoio às Políticas de Saúde pede mudança "fundamental" para libertar médicos

O coordenador do Grupo de Apoio técnico à implementação das Políticas de Saúde enfatiza "a possibilidade de os médicos de família poderem libertar tempo burocrático para ocuparem a agenda com outras atividades fundamentais", como vigiar diabéticos, hipertensos ou grávidas, e libertar pessoas vacinadas de isolamentos tidos como desnecessários.

Orçamento do SNS em 2020
04 de Janeiro de 2022 às 18:34
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O coordenador do Grupo de Apoio técnico à implementação das Políticas de Saúde (GAPS) nos cuidados de saúde primários alerta para a importância de alterar a gestão da covid-19 para libertar os médicos de família do trabalho burocrático.

Em declarações à Lusa, João Rodrigues destaca o impacto que as medidas propostas no dia 30 de dezembro à Direção-Geral da Saúde (DGS) podem ter no acompanhamento da pandemia, enfatizando "a possibilidade de os médicos de família poderem libertar tempo burocrático para ocuparem a agenda com outras atividades fundamentais", como vigiar diabéticos, hipertensos ou grávidas, e libertar pessoas vacinadas de isolamentos tidos como desnecessários.

"Isso é fundamental, porque temos uma carga burocrática muito pesada, nomeadamente com os certificados de incapacidade para o trabalho e com a necessidade de telefonar a doentes assintomáticos, o que não faz qualquer tipo de sentido, roubando tempo a outras atividades", explicou o coordenador do GAPS, um grupo constituído no último verão para aconselhar o Governo na área dos cuidados de saúde primários.

Em causa estão cinco propostas que o GAPS vê como estruturantes: o fim das áreas dedicadas aos doentes respiratórios; acabar com a vigilância da medicina geral e familiar através da plataforma TraceCovid; a redução para cinco dias no tempo de confinamento dos doentes positivos e vacinados; terminar o período de isolamento após contactos de alto risco para quem esteja vacinado; e, finalmente, a introdução de um 'simplex' para as baixas por covid-19.

"Algumas propostas já vêm de há algum tempo. Conhecendo em termos europeus e mundiais o que se passa com esta nova variante, temos hoje 147 doentes nos cuidados intensivos e há um ano tínhamos 720. O que é que aconteceu? Vacinação e mudança da estirpe; neste momento, temos uma estirpe muito mais transmissível, mas com menos capacidade para produzir doença", salienta o clínico da unidade de saúde familiar (USF) de Coimbra Celas.

Perante a "vacinação excecional" dos portugueses contra a covid-19, João Rodrigues reitera que os contactos de alto risco que já estejam imunizados pela vacina não deveriam ser sujeitos a isolamento, contrapondo com a vigilância sobre eventuais sintomas.

"Se tiverem sintomas, devem fazer o teste, porque todos nós devemos continuar a utilizar a máscara, a fazer higiene das mãos e [a manter] o distanciamento. Não me canso de dizer isto: são as medidas mais importantes de prevenção além da vacinação. Se fizermos isso, já vamos retirar uma carga de trabalho enorme ao serviço", nota, acrescentando: "Temos de viver com esta nova normalidade até entrarmos efetivamente em total endemia".

A vertente tecnológica deve também ser aprofundada na gestão da pandemia, segundo o coordenador do GAPS, nomeadamente para as 'baixas'.

"Se tivemos um simplex para o covid em relação aos certificados, porque é que também não se faz isso para as baixas? Quem tem um teste positivo, automaticamente tem na plataforma do SNS24 um certificado de incapacidade para o trabalho. Isso liberta trabalho burocrático do médico de família", sustenta, defendendo que a alta deve ainda ser "dada automaticamente, desde que não tenha tido necessidade de recorrer ao médico em relação à descompensação".

Confrontado com a iminente reunião de quarta-feira entre os especialistas e a classe política sobre a situação epidemiológica e uma aparente 'pressão' sobre a DGS com estas propostas, João Rodrigues assinala o espírito de colaboração, rejeitando qualquer condicionamento.

"Não é uma questão de pressão, é uma questão de opinião balizada para que possamos trabalhar melhor, rigorosamente mais nada. Cada um fará o seu trabalho e sempre estivemos disponíveis para colaborar nesta pandemia. Agora, temos de nos adaptar à realidade. Neste caso, felizmente, esta nova estirpe veio-nos ajudar a isolar menos, mas mantendo os mesmos cuidados preventivos para libertar mais recursos", conclui, assegurando que não houve ainda 'feedback' sobre as propostas e que o GAPS irá "respeitar com toda a certeza" as decisões.
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