Notícia
Jerónimo critica ideia de que "filho de operário tem de ser operário e filho de doutor tem de ser doutor"
O líder do PCP esteve esta quarta-feira no debate televisivo da SIC Notícias que antecede a campanha para as eleições legislativas, onde criticou a "elitização" da educação. Do outro lado da mesa esteve António Costa.
- 16
- ...
"Devemos discutir a qualidade do emprego", começou por desafiar Jerónimo de Sousa, durante o frente-a-frente com António Costa, acusando o Governo de "disfarçar" os números "com critérios de formação profissional e outras múltiplas formas de chamar emprego aquilo que não o é".
Para o secretário-geral do Partido Comunista, a solução para o problema estrutural do emprego é o desenvolvimento económico "com base nos nossos recursos e potencialidades". Sem afastar o investimento privado, o líder do PCP defendeu a necessidade de existir investimento público.
Para isso, é preciso, diz o PCP, "respeitar quem trabalha através da valorização dos salários", propondo um aumento do salário mínimo para os 600 euros mensais. "Aumentando a riqueza, coloca-se a questão de a distribuir melhor", justifica. "Quando somos ofendidos, o nosso empenho altera-se. Este deve ser um eixo de uma política alternativa", sublinha.
Sobre o tema da educação, o líder comunista afirmou que a "questão central é a defesa da escola pública", registando que tem acontecido o oposto. Neste ponto, Jerónimo de Sousa aproveitou para criticar "a ajuda do PS" na "alteração constitucional" que transformou o ensino gratuito em "tendencialmente gratuito".
Relativamente à "elitização do ensino" e do peso das questões económicas no acesso ao ensino superior, Jerónimo exemplificou: "na fábrica dizíamos: filho de operário tem de ser operário e filho de doutor tem de ser doutor". Também Costa criticou o programa da coligação, que, segundo o líder socialista "transfere verbas para o ensino privado".
A propósito do sector da saúde, os dois secretários-gerais concordaram com a importância do peso público, sem que Jerónimo de Sousa deixasse de defender a abolição das taxas moderadores "colocado por obra e graça do PS para moderar o acesso" e que, diz "acaba por funcionar inconstitucionalmente como um fundo de receitas para o Governo".
"Para os portugueses pagar uma taxa moderadora, uma consulta, um exame, o transporte e a medicação significa fazer uma opção: ir fazer essa consulta ou não almoçar", garante o líder do PCP, reforçando que não se trata de uma dramatização. O líder socialista respondeu com a proposta do PS que prevê repor as taxas moderadoras ao valor praticado em 2011, destacando que actualmente cerca de um terço das despesas de saúde são suportadas pelas famílias.