Notícia
Livre sonha com geringonça no Governo e quer combate firme à extrema-direita
28 de Janeiro de 2024 às 18:55
O Livre mantém o sonho de uma união à esquerda, parlamentar ou até de governação, e assumiu-se este fim de semana como uma "força de bloqueio" contra a extrema-direita, principal alvo de críticas no 13.º Congresso.
Dez anos depois do congresso fundador do Livre, sob o lema "Fazer Pontes", o partido voltou ao sítio onde tudo começou, o auditório da Biblioteca Municipal Almeida Garrett, no Porto, desta vez para assinar "Um contrato com o futuro".
Não é novidade que o Livre deseja e sempre desejou uma união à esquerda, antes até do acordo parlamentar de 2015 -- do qual não fez parte por ter falhado a eleição de deputados -- mas desta vez o partido vai mais longe e na reunião magna deste fim de semana, além de estabelecer um mínimo de três deputados como objetivo eleitoral, houve até quem admitisse integrar um executivo.
"Os primeiros meses de governação terão que ser dedicados à reposição da justiça social em setores tão essenciais como a educação, saúde e a segurança. Os primeiros meses terão também que ser dedicados aos problemas da habitação", elencou no primeiro dia dos trabalhos Isabel Mendes Lopes, a 'número dois' na lista por Lisboa às legislativas.
Momentos depois, o fundador Rui Tavares subiu ao púlpito para a sua primeira intervenção e avisou a esquerda de que "não é preciso inventar a roda" no que toca a acordos pós-eleitorais: "O caminho é o das melhores práticas europeias em que existem governos sustentados por vários partidos e que funcionam com base num programa negociado."
O dirigente do Livre insistiu na necessidade de um acordo escrito, que "seja escrutinado", mas também multilateral, ou seja, quebrando a lógica de funcionamento da última 'geringonça', na qual cada partido negociava individualmente com o PS.
As críticas ficaram reservadas para a extrema-direita, que está a "sequestrar" a direita tradicional, e se assume como uma ameaça à democracia que celebra este ano o seu cinquentenário.
"Cabe ao Livre estar na primeira linha da renovação do contrato que há quase 50 anos fizemos com a democracia", defendeu Teresa Mota, que partilha com Rui Tavares o cargo de porta-voz do Livre e é cabeça-de-lista por Braga, mensagem acompanhada pelo 'número um' por Santarém, Pedro Mendonça: "Quem vem prometer limpar, mente, vem conspurcar, vem andar 50 anos para trás."
O cabeça-de-lista pelo Porto, Jorge Pinto, definiu o Livre como uma "força de bloqueio" contra a extrema-direita, e Paulo Muacho, que lidera a lista por Setúbal, animou a sala com uma garantia: "A extrema-direita não é inevitável, já os derrotámos antes, já os derrotámos milhares de vezes e vamos continuar a derrotar, uma e outra vez, as vezes que forem preciso".
No encerramento, Tavares alertou que "as democracias e as repúblicas perdem-se" e avisou as forças políticas presentes de que vai ser necessário ter "uma conversa muito séria para que esta democracia tenha mais 50 anos".
Quanto a medidas do programa eleitoral para as legislativas de março, aprovado com 95% de votos a favor, o Livre propõe um salário mínimo de 1.150 euros em 2028, alargar para 14 semanas o direito à interrupção voluntária da gravidez, alocar 1% do Produto Interno Bruto (PIB) em Cultura ou alcançar 10% de habitação pública.
Tavares traçou como prioridade para a próxima legislatura a erradicação da pobreza, reforçando apoios sociais como o abono de família, o Complemento Social para Idosos (sem concretizar valores) e sugeriu estudar a criação de um novo instrumento denominado "herança social".
A ideia é permitir que um jovem entre os 18 e 35 anos possa ter acesso a uma quantia para investir na sua educação, abrir um negócio ou pagar a entrada de uma casa, valor que pode ter origem na taxação de "grandes heranças" ou através da rentabilização de certificados de aforro.
O partido mostrou-se unido à volta do seu programa, num debate que decorreu praticamente sem críticas, e no qual o único ponto de discórdia foi a eliminação ou não da disciplina de Educação Moral e Religiosa do currículo das escolas públicas -- medida que acabou por se manter no documento final.
Os apelos à união da esquerda, esses, ficaram sem resposta, com o membro do Secretariado Nacional do PS João Torres a evitar esclarecer a questão e os dirigentes de BE, PCP, PEV ou até do PAN a sair do congresso sem declarações à imprensa.
Dez anos depois do congresso fundador do Livre, sob o lema "Fazer Pontes", o partido voltou ao sítio onde tudo começou, o auditório da Biblioteca Municipal Almeida Garrett, no Porto, desta vez para assinar "Um contrato com o futuro".
"Os primeiros meses de governação terão que ser dedicados à reposição da justiça social em setores tão essenciais como a educação, saúde e a segurança. Os primeiros meses terão também que ser dedicados aos problemas da habitação", elencou no primeiro dia dos trabalhos Isabel Mendes Lopes, a 'número dois' na lista por Lisboa às legislativas.
Momentos depois, o fundador Rui Tavares subiu ao púlpito para a sua primeira intervenção e avisou a esquerda de que "não é preciso inventar a roda" no que toca a acordos pós-eleitorais: "O caminho é o das melhores práticas europeias em que existem governos sustentados por vários partidos e que funcionam com base num programa negociado."
O dirigente do Livre insistiu na necessidade de um acordo escrito, que "seja escrutinado", mas também multilateral, ou seja, quebrando a lógica de funcionamento da última 'geringonça', na qual cada partido negociava individualmente com o PS.
As críticas ficaram reservadas para a extrema-direita, que está a "sequestrar" a direita tradicional, e se assume como uma ameaça à democracia que celebra este ano o seu cinquentenário.
"Cabe ao Livre estar na primeira linha da renovação do contrato que há quase 50 anos fizemos com a democracia", defendeu Teresa Mota, que partilha com Rui Tavares o cargo de porta-voz do Livre e é cabeça-de-lista por Braga, mensagem acompanhada pelo 'número um' por Santarém, Pedro Mendonça: "Quem vem prometer limpar, mente, vem conspurcar, vem andar 50 anos para trás."
O cabeça-de-lista pelo Porto, Jorge Pinto, definiu o Livre como uma "força de bloqueio" contra a extrema-direita, e Paulo Muacho, que lidera a lista por Setúbal, animou a sala com uma garantia: "A extrema-direita não é inevitável, já os derrotámos antes, já os derrotámos milhares de vezes e vamos continuar a derrotar, uma e outra vez, as vezes que forem preciso".
No encerramento, Tavares alertou que "as democracias e as repúblicas perdem-se" e avisou as forças políticas presentes de que vai ser necessário ter "uma conversa muito séria para que esta democracia tenha mais 50 anos".
Quanto a medidas do programa eleitoral para as legislativas de março, aprovado com 95% de votos a favor, o Livre propõe um salário mínimo de 1.150 euros em 2028, alargar para 14 semanas o direito à interrupção voluntária da gravidez, alocar 1% do Produto Interno Bruto (PIB) em Cultura ou alcançar 10% de habitação pública.
Tavares traçou como prioridade para a próxima legislatura a erradicação da pobreza, reforçando apoios sociais como o abono de família, o Complemento Social para Idosos (sem concretizar valores) e sugeriu estudar a criação de um novo instrumento denominado "herança social".
A ideia é permitir que um jovem entre os 18 e 35 anos possa ter acesso a uma quantia para investir na sua educação, abrir um negócio ou pagar a entrada de uma casa, valor que pode ter origem na taxação de "grandes heranças" ou através da rentabilização de certificados de aforro.
O partido mostrou-se unido à volta do seu programa, num debate que decorreu praticamente sem críticas, e no qual o único ponto de discórdia foi a eliminação ou não da disciplina de Educação Moral e Religiosa do currículo das escolas públicas -- medida que acabou por se manter no documento final.
Os apelos à união da esquerda, esses, ficaram sem resposta, com o membro do Secretariado Nacional do PS João Torres a evitar esclarecer a questão e os dirigentes de BE, PCP, PEV ou até do PAN a sair do congresso sem declarações à imprensa.