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FMI: Governo já está influenciado pela pressão eleitoral

Os técnicos do FMI dizem que os últimos seis meses chegam para perceber que o período pré-eleitoral não é propício a reformas. E daqui para a frente as tentações populistas aumentarão.

Miguel Baltazar/Negócios
30 de Janeiro de 2015 às 15:36
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A perda de ímpeto reformista pelo Governo poderá passar pela adopção de políticas populistas no contexto pré-eleitoral. Este é um erro de condução da política económica em Portugal, considera o FMI, que identifica uma janela de oportunidade que está a ser desperdiçada, e que poderá não ser longa. Este é um dos principais avisos e recomendações do Fundo no relatório da primeira avaliação pós-programa, onde destaca a urgência de manter políticas que estimulem ganhos de competitividade externa e reduzam o endividamento da economia.

 

"Construir consensos em torno das reformas irá provar-se desafiante à medida que se aproximam as eleições de Outubro de 2015. Como já testemunhámos nos últimos seis meses, o período pré-eleitoral não é condutor de iniciativas de reforma ousadas, e a tentação de adoptar políticas populistas deverá aumentar", lê-se no documento, onde se avisa: "a credibilidade ganha a pulso pelas autoridades e as actuais condições favoráveis de mercado fornecem uma janela de oportunidade bem-vinda, mas limitada, para continuar com reformas que permitam promover o crescimento".

 

"Apesar do progresso já feito, a trajectória das actuais políticas parece ser insuficiente para conseguir um nível sustentado de crescimento mais elevado", analisam, defendendo que "que os entraves estruturais [ao crescimento] deveriam ser enfrentados com mais determinação e coordenação", lê-se ainda no relatório, onde se lamenta a extinção da ESAME, a estrutura de acompanhamento da implementação do programa de ajustamento da troika, que foi liderada por Carlos Moedas.

 

"Persistem dois entraves ao crescimento e ao reequilíbrio da economia: baixa competitividade externa e endividamento excessivo, especialmente no sector privado", analisam os economistas do Fundo, que dizem que sem capacidade para desvalorizar a sua moeda, o país precisa de reduzir custos, seja laborais, seja de outros preços, a começar nas indústrias com rendas excessivas. Ao mesmo tempo, continuam "é urgente" uma "abordagem sistémica ao problema de excesso de endividamento empresarial", de forma a que possam ser libertados recursos para o investimento privado e a criação de empregos.

 

A falta de reformas terá um preço elevado avisam os técnicos de Washington: "A médio prazo, o crescimento deverá estabilizar em cerca de 1,5%", começam por dizer, para acrescentarem: "Investimento líquido negativo e uma tendência populacional desfavorável estão a limitar o potencial de crescimento de Portugal, e a trajectória de crescimento de médio prazo já depende de aumentos substanciais da produtividade (…) que, por seu lado, dependem da implementação bem sucedida de reformas estruturais ". Sem essas reformas, continuam, "mais revisões em baixa das perspectivas de crescimento de médio prazo poderão ser inevitáveis".

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