Notícia
As cores políticas que pintam o mapa do poder local de 1976 a 2013
Portugal já leva 40 anos de eleições autárquicas. No início, a história era fácil de contar, mas à medida que os anos avançaram o enredo foi-se complicando e já ninguém se atreve a adivinhar o futuro.
Manuel Esteves
mesteves@negocios.pt
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Mónica Santos - Infografia
msantos@negocios.pt
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Rui Santos - infografia
29 de Setembro de 2017 às 09:55
Em 40 anos de eleições locais, há coisas que não mudam. O PSD mantém as suas raízes mais profundas no Norte do país; a CDU continua a ser uma força dominante no Alentejo e no distrito de Setúbal; o PS reforça o estatuto de partido mais transversal no território nacional; o CDS é residual e o Bloco ainda não existe.
Apesar disso, não se pode dizer que não houve mudanças ao longo destes 40 anos, pelo contrário. Nos primeiros anos de democracia e até meados da década de 80, o retrato era mais simples de fazer: abaixo do Tejo, quem mandava nas câmaras eram os partidos de esquerda. O PCP, coligado primeiro na FEPU, a seguir na APU e depois na CDU, reinava no Alentejo e no distrito de Setúbal, enquanto o PS tinha preponderância no Algarve. O Norte era repartido entre o PSD e o PS, num tempo em que o CDS tinha uma palavra a dizer na distribuição do poder camarário.
É a partir dos anos 90 que se inicia uma transformação relevante: primeiro, o mapa começa a ficar tricolor, com o definhamento do CDS como força autárquica. O partido que chegou a ter 36 câmaras (em 1976) estava em 1997 reduzido a três municípios. Por outro lado, é também por esta altura que começaram a soar os alarmes na Soeiro Pereira Gomes, com a CDU a registar derrotas pesadas nas eleições locais. No fundo, era a antecâmara do precipício de 2001, quando os comunistas perderam 13 câmaras, ficando reduzido a 28, o número mais baixo de sempre.
Nesse ano, o PSD implantou-se profundamente no Algarve, substituindo-se ao PS que, por sua vez, se mudou de armas e bagagens para o Alentejo, desferindo um duro golpe à CDU. O PSD foi o grande vencedor dessas eleições ao conquistar grandes câmaras (designadamente Lisboa, Porto e Coimbra), o que levou à demissão do primeiro-ministro António Guterres e à queda do seu Governo.
Mas a história não acabou aqui. Com o novo milénio vem também um novo fenómeno que é o dos independentes. Em 2005 já eram sete as câmaras lideradas por independentes e em 2013 chegavam às 13, número que pode crescer este ano. Por outro lado, o PSD que se tornara líder no poder local entra em rota descendente para ficar reduzido a 106 câmaras nas últimas eleições (em muitas delas coligado), naquele que foi o seu pior resultado de sempre.
Este ano de 2013 fica também marcado por uma recuperação significativa da CDU que, perdendo os seus bastiões mais a norte (ou menos a Sul), consegue contudo reforçar a sua posição no Alentejo, invertendo uma decadência que muitos consideravam inexorável.
Chegamos, assim, a 2017 com grandes perguntas no ar: conseguirá o PSD evitar um novo mínimo histórico numa altura em que o partido e o seu líder atravessam um momento difícil? Irá o PS obter a sua maior vitória de sempre em eleições autárquicas? Conseguirá a CDU consolidar a recuperação iniciada quatro anos antes? O CDS e o Bloco de Esquerda conseguirão aparecer no mapa? E, finalmente, os independentes vão continuar a sua ascensão no poder local? Já falta pouco para termos as respostas a estas perguntas.
Cerca de 9,3 milhões de eleitores são chamados a votar no domingo para as eleições autárquicas para escolher os autarcas de 308 câmaras municipais e de 3.092 freguesias.
Apesar disso, não se pode dizer que não houve mudanças ao longo destes 40 anos, pelo contrário. Nos primeiros anos de democracia e até meados da década de 80, o retrato era mais simples de fazer: abaixo do Tejo, quem mandava nas câmaras eram os partidos de esquerda. O PCP, coligado primeiro na FEPU, a seguir na APU e depois na CDU, reinava no Alentejo e no distrito de Setúbal, enquanto o PS tinha preponderância no Algarve. O Norte era repartido entre o PSD e o PS, num tempo em que o CDS tinha uma palavra a dizer na distribuição do poder camarário.
Nesse ano, o PSD implantou-se profundamente no Algarve, substituindo-se ao PS que, por sua vez, se mudou de armas e bagagens para o Alentejo, desferindo um duro golpe à CDU. O PSD foi o grande vencedor dessas eleições ao conquistar grandes câmaras (designadamente Lisboa, Porto e Coimbra), o que levou à demissão do primeiro-ministro António Guterres e à queda do seu Governo.
171
Recorde do PSD
O PSD é o partido recordista no número de câmaras. Foi em 1979 que os sociais-democratas ganharam 171 em 308 municípios, 71 dos quais coligado com o CDS.
Mas a história não acabou aqui. Com o novo milénio vem também um novo fenómeno que é o dos independentes. Em 2005 já eram sete as câmaras lideradas por independentes e em 2013 chegavam às 13, número que pode crescer este ano. Por outro lado, o PSD que se tornara líder no poder local entra em rota descendente para ficar reduzido a 106 câmaras nas últimas eleições (em muitas delas coligado), naquele que foi o seu pior resultado de sempre.
Este ano de 2013 fica também marcado por uma recuperação significativa da CDU que, perdendo os seus bastiões mais a norte (ou menos a Sul), consegue contudo reforçar a sua posição no Alentejo, invertendo uma decadência que muitos consideravam inexorável.
Chegamos, assim, a 2017 com grandes perguntas no ar: conseguirá o PSD evitar um novo mínimo histórico numa altura em que o partido e o seu líder atravessam um momento difícil? Irá o PS obter a sua maior vitória de sempre em eleições autárquicas? Conseguirá a CDU consolidar a recuperação iniciada quatro anos antes? O CDS e o Bloco de Esquerda conseguirão aparecer no mapa? E, finalmente, os independentes vão continuar a sua ascensão no poder local? Já falta pouco para termos as respostas a estas perguntas.
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