Notícia
Van Dunem é a grande surpresa na Justiça
Será a primeira ministra negra em Portugal e também a primeira magistrada a assumir funções ministeriais depois de Laborinho Lúcio.
Francisca Van Dunem, 60 anos, dupla nacionalidade, angolana e portuguesa, é procuradora-geral-adjunta e dirigia até agora a procuradoria-geral distrital de Lisboa, tendo ocupado os mais altos cargos da magistratura.
A sua nomeação foi a maior surpresa do elenco de António Costa, tendo essa opção sido bem recebida pelos agentes do sector. "Só posso dizer que é um sinal de confiança na magistratura", afirmou António Ventinhas, presidente do sindicato dos magistrados do Ministério Público, ao Expresso.
O Observador, por seu turno, escreve que diversas fontes do sector de Justiça encaram a nomeação de Francisca Van Dunem como uma "resposta positiva de António Costa às preocupações do Ministério Público sobre a gestão do PS para o sector, nomeadamente se tivermos em conta que o nome mais falado era João Tiago Silveira – homem muito crítico da actuação do Ministério Público", numa altura em corre o processo judicial por suspeitas de corrupção, branqueamento de capitais e fraude fiscal qualificada contra ex-primeiro-ministro socialista José Sócrates.
O jornal lembra ainda que há ainda vários processos relacionados com Angola, como a Operação Marquês (onde são investigados negócios angolanos de Hélder Bataglia, Armando Vara, Santos Silva e um primo de Sócrates), o processo Monte Branco (onde Helder Bataglia é figura determinante, cruzando com o caso Sócrates) ou o caso BES e a relação com o BES Angola.
Reservada, a nova ministra descende de duas das mais influentes e tradicionais famílias de Angola, presentes em qualquer Governo do país: Vieira Dias, pelo lado da mãe, Van Dunem pelo do pai.
Será a primeira ministra negra em Portugal e também a primeira magistrada a assumir funções ministeriais depois de Laborinho Lúcio. É casada com o advogado e professor catedrático Eduardo Paz Ferreira de quem tem um filho de 18 anos, tendo perfilhado o sobrinho que ficou órfão quando, ainda em 1977, o seu irmão mais velho, José Van Dunem, e a cunhada, Zita Valles, membros activos do golpe de Estado de 27 de Maio, foram mortos na repressão que lhe sucedeu.