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Trump promete medidas robustas contra a China
Donald Trump anunciou hoje que os EUA vão reagir com medidas fortes à lei de segurança nacional que a China criou para Hong Kong e que, no entender de vários países, restringe a liberdade naquele território.
O presidente norte-americano, Donald Trump, fez uma curta declaração na conferência de imprensa realizada na Casa Branca, tendo dito que "as nossas medidas serão robustas e significativas".
O chefe da Casa Branca reagia assim à nova lei de segurança nacional da China para Hong Kong, aprovada ontem pelo parlamento chinês, por meio da qual visa apertar o controlo naquele território, restringindo a atividade da oposição para conter novos episódios de confrontos dos ativistas pela democracia.
Por esta razão, o secretário de Estado norte-americano, Mike Pompeo, já tinha anteontem notificado o Congresso de que a Administração Trump já não considera Hong Kong um território autónomo da China continental.
Trump fez um discurso curto e saiu sem aceitar perguntas dos jornalistas, o que não é habitual.
O presidente dos EUA disse que a sua Administração vai sancionar os responsáveis chineses que debilitaram a liberdade de Hong Kong e acrescentou que serão tomadas medidas para revogar o tratamento preferencial [as isenções especiais] dado àquele território chinês – algo que já era receado por Hong Kong, que considera que este tipo de ação é uma espada de dois gumes.
"Hong Kong já não é um território suficientemente autónomo para garantir um estatuto especial nos termos da legislação norte-americana", frisou.
Trump não se referiu à "fase 1" do acordo comercial EUA-China, delineado pelos dois países em janeiro, pelo que este deverá manter-se. No âmbito desta fase 1, ambos os lados assumiram o compromisso de retirada gradual de algumas tarifas aduaneiras impostas no pico da guerrra comercial e de não imposição de novas taxas alfandegárias.
Uma vez que Trump não anunciou novas tarifas nem outras medidas comerciais, os índices Dow Jones e Standard & Poor’s 500 já inverteram para terreno positivo. O tecnológico Nasdaq 100, que já estava no verde, reforçou os ganhos.
Algumas das medidas aludidas por Trump para punir a China, como o escrutínio das empresas chinesas cotadas nas bolsas norte-americanas, a restrição a investigadores chineses nas universidades dos EUA e a retirada do estatuto especial a Hong Kong já tinham sido veiculadas nos últimos dias.
No dia 21 de maio, o Senado aprovou um projeto de lei que visa obrigat as empresas chinesas a seguirem as regras contabilísticas dos Estados Unidos, sob pena de poderem ser expulsas de bolsa. Falta agora a proposta legislativa ser votada na Câmara dos Representantes – e se também aí tiver luz verde, segue para homologação do presidente.
Mais vozes contra lei da China
Ontem os governos dos EUA, Austrália, Canadá e Reino Unido emitiram um comunicado conjunto reiterando os seus "profundos receios relativamente à decisão de Pequim de impor uma lei de segurança nacional para Hong Kong".
Também a União Europeia já veio criticar a decisão.
Recorde-se que o parlamento chinês aprovou ontem a decisão de avançar com a referida lei de segurança nacional para Hong Kong, legislação essa que os ativistas pela democracia, diplomatas e mundo empresarial receiam que venha a prejudicar o estatuto semi-autónomo daquele território e o seu papel como ‘hub’ financeiro mundial.
Trump e o primeiro-ministro Boris Johnson falaram hoje ao telefone e disseram que esta decisão da China irá pôr em causa a autonomia de Hong Kong.
"Os dois líderes declararam que o plano da China de impor uma lei de segurança nacional para Hong Kong é contrário às suas obrigações nos termos da Declaração Conjunta Sino-Britânica e que irá minar a autonomia de Hong Kong e a estrutura ‘Um País, Dois Sistemas’", refere a declaração, citada pela Reuters, que foi divulgada pelo gabinete do primeiro-ministro do Reino Unido após o telefonema.
Johnson e Trump falaram igualmente sobre a importância de os líderes do G7 se reunirem presencialmente, se possível. A próxima reunião do Grupo dos Sete tem lugar marcado nos Estados Unidos.
Os EUA e o Reino Unido também abordaram esta lei da China na reunião virtual do Conselho de Segurança da ONU que se realizou esta sexta-feira, levando a China e a Rússia a criticarem igualmente os Estados Unidos pelo uso excessivo de força contra pessoas negras.
O conselho, com 15 países membros, falou informalmente sobre Hong Kong nesta reunião virtual e à porta fechada, depois de a China se ter oposto ao pedido dos EUA de uma reunião aberta e formal. Pequim justificou a sua oposição pelo facto de não se tratar de um assunto sobre paz e segurança internacional.
A China já desafiou os EUA e o Reino Unido, devido às suas críticas, e ameaçou impor contramedidas a estes dois países, refere o The Guardian. Segundo Pequim, os esforços de Washington para falar sobre o assunto na ONU "não fazem sentido".
(notícia atualizada às 20:24)