Outros sites Medialivre
Notícias em Destaque
Notícia

Sócrates: “Todo este processo não passa de uma perseguição política”

O ex-primeiro-ministro deu uma entrevista à Visão, a primeira desde a sua saída do PS, e dispara à esquerda e à direita. Ao PS, que não lhe deu apoio, ao PSD, que, diz, fez da Operação Marquês o seu programa político, e ao MP que acusa de politização.

24 de Maio de 2018 às 09:30
  • 45
  • ...

"A direita não tem um programa: tem um processo judicial. Está reduzida à miserável condição de o seu discurso ser o discurso sobre a Operação Marquês: 'Queremos a nossa Joana Vidal à frente do Ministério Público'. Isto diz tudo sobre o que tem acontecido. Eu tenho a legítima suspeita de que todo este processo não passa de uma perseguição política". Numa entrevista à revista Visão, publicada esta quinta-feira, 24 de Maio, José Sócrates acusa a direita de estar na origem dos processos judiciais contra si e insiste em que, na origem da Operação Marquês, estão motivações políticas.  

 

"O processo Freeport nasceu no gabinete do dr. Santana Lopes", acusa. E "sobre o processo Marquês, eu não sei, mas tenho todos os motivos para achar que houve uma motivação política". Mais à frente insiste: "O PSD está a transformar o processo Marquês num programa político; não tem mais nada para dizer".

 

Quanto ao Ministério Público, lamenta Sócrates, "ao longo destes últimos anos, teve uma deriva de autoritarismo que é incompatível com um Estado democrático com os direitos e as liberdades fundamentais".

 

Também não poupa críticas aos jornalistas, que acusa de partilharem o "poder oculto" do Ministério Público e de terem contribuído para o seu julgamento na praça pública.

 

Nesta que foi a sua primeira entrevista desde que anunciou o fim de 37 anos de militância socialista, Sócrates reconhece que "é sabido que eu tinha um incómodo com o PS, que este se devia ao facto de o PS, com o seu silêncio, ser, de certa forma, cúmplice de todos os abusos cometidos contra mim", um "mal-estar que já vinha de antes", porque "o PS foi cúmplice desses abusos".

 

"Lamento que o PS se junte às vozes da direita numa condenação sem julgamento; isso é um acto ignóbil"

 

Faz a defesa de Pinho, lembrando que "em um ano, ninguém o acusou nem o Ministério Público o ouviu". Apesar de admitir que também ele gostaria que Manuel Pinho  "tivesse reagido", insiste em que ninguém pode condená-lo já.

 

E quanto aos vários processos em investigação em que estão envolvidos ex-ministros de governos seus, é categórico: "tenho a certeza que nem Manuel Pinho, nem Mário Lino, , nem Paulo Campos, nem António Mendonça, algum dia aceitaram receber qualquer vantagem para definir uma linha política. Tenho a absoluta certeza disso."

 

Não quer comentar Catarina Santos sobre Pinho." Nem de outros dirigentes". Porque, sublinha, não quer "fazer mal ao PS". "Continuo a ser socialista e estou a fazer o meu luto depois de me ter desfiliado.

 

Sobre os empréstimos de Carlos Santos Silva, insiste: Emprestou-me dinheiro que, aliás, já devolvi na sua maior parte". " isso "aconteceu quando eu já não exercia funções, mais de dois anos depois de sair do Governo, live de qualquer responsabilidade pública".

 

Apesar de tudo, elogia a governação socialista que, diz, "teve uma grande vitória ao fazer uma aposta no fim da austeridade e no crescimento". A esquerda, diz, "deu um sinal de responsabilidade e de entender a dimensão da governação".

Ver comentários
Saber mais Operação Marquês Carlos Santos Silva Freeport José Sócrates António Mendonça Joana Vidal Ministério Público Santana Lopes Manuel Pinho Mário Lino Paulo Campos
Outras Notícias
Publicidade
C•Studio