Notícia
Só o Governo pode “enfraquecer ou esvaziar” a estabilidade, avisa Marcelo
Erros de “orgânica, fragmentação interna, falta de transparência ou descolagem da realidade” podem conduzir a esse resultado, diz o Presidente da República. Marcelo defende que 2022 “não foi o ano da viragem esperada” e em 2023 é “obrigatório evitar que seja pior” do que o ano anterior, referindo que seria “imperdoável desbaratar” situação do país e os fundos europeus.
A mensagem é clara e sem espaço para segundas interpretações com as recentes demissões e polémicas em pano de fundo. Marcelo Rebelo de Sousa avisa que que a estabilidade política existe dada pela maioria absoluta das legislativas antecipadas de 30 de janeiro e que só o Governo e António Costa a podem debilitar.
"Está ao nosso alcance, tirarmos proveito de uma vantagem comparativa – que é muito rara na Europa e no mundo democrático – e que se chama estabilidade política", começa por referir o Presidente da República, na mensagem de Ano Novo transmitida este domingo à noite, lembrando que se trata de um Governo de um só partido com maioria absoluta" e "por isso mesmo, com responsabilidade absoluta".
Assim, conclui Marcelo essa estabilidade "só ele – ele Governo – e a sua maioria podem enfraquecer ou esvaziar" e as razões podem ser muitas: "erros de orgânica, de descoordenação, de fragmentação interna, de inação, de falta de transparência, ou por descolagem da realidade".
O Presidente da República refere, assim, ainda que indiretamente os recentes casos a envolver vários membros do Governo e que conduziram a demissões de secretários de Estado e ministros, o último dos quais, Pedro Nuno Santos.
Marcelo Rebelo de Sousa sublinha, por outro lado, que "em tempo de guerra e de instabilidade noutras paragens" o país tirar "proveito da situação privilegiada de paz e de segurança" para atrair "turismo, investimento externo e recursos humanos qualificados". E aproveitar também os fundos comunitários que o Presidente recorda que "são irrepetíveis e de prazo bem determinado".
Um ano "decisivo"
Para Marcelo Rebelo de Sousa, o ano que terminou não correu como o separado. "Um ano depois, sabemos que, em Portugal, apesar daquilo em que estivemos melhor do que muita Europa, 2022 não foi o ano da viragem esperada, e entramos em 2023 obrigados a evitar que seja pior do que 2022", afirmou.
O chefe de Estado lembrou, como fez no discurso da tomada de posse do Governo, "que os Portugueses escolheram dar maioria absoluta ao partido que governara nos seis anos anteriores, passando a não depender, portanto, dos antigos apoios partidários, nem de um entendimento com o maior partido da oposição".
Para o Presidente da República, 2023 é um ano "decisivo" porque, defende Marcelo, "se o perdermos, em intervenção internacional, em atuação europeia, em estabilidade que produza resultados e que seja eficaz, em oportunidade de atração de pessoas e meios, em uso criterioso e a tempo de fundos europeus, de nada servirá a consolação de nos convencermos de que ainda temos 2024, 2025 e 2026 pela frente", uma vez que, conclui, "um 2023 perdido compromete, irreversivelmente, os anos seguintes", lembrando que "será o único ano, até 2026, sem eleições nacionais ou de efeitos nacionais".