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Silva Lopes considera que críticas a Constâncio são “joguinhos políticos”
José Silva Lopes, que assina uma carta com outros antigos governadores do Banco de Portugal a defender Constâncio, diz à Antena 1 que os portugueses têm razão para ficar irritados com a recente polémica em torno do BPN porque se ataca Constâncio numa altura em que “Oliveira e Costa e os seus cúmplices” “estão à grande, a viver a vida que querem, com o dinheiro que querem”, à espera da prescrição.
“Uma coisa que me espanta é que anda tudo a atirar a Vítor Constâncio e, entretanto, Oliveira e Costa e os outros que, com ele, estavam na administração do Banco Português de Negócios estão por aí à mesma, na calma, à espera que o processo deles venha a prescrever”. Estas são as palavras de José Silva Lopes, antigo governador do Banco de Portugal, em declarações à Antena 1.
Para o antigo governador, que assina hoje uma carta aberta com outros quatro ex-líderes do Banco de Portugal intitulada “Em defesa de Vítor Constâncio, esse é um motivo para causar irritação aos portugueses. Porque são as questões judiciais que realmente importam. E, segundo Silva Lopes, o que está a acontecer é que se está entretido com “joguinhos políticos”.
“Quando vemos Oliveira e Costa e os seus cúmplices, que estão à grande, a viver a vida que querem, com o dinheiro que querem, isso é que os devia irritar. Mas não, andamos nestas ‘jogatanas’, nestes joguinhos políticos”, critica Silva Lopes nas suas afirmações à estação de rádio pública.
O caso voltou a ter atenções mediáticas porque, na sua entrevista ao semanário “Expresso” no sábado passado, Durão Barroso quis deixar claro que, enquanto primeiro-ministro, chamou três vezes o governador do Banco de Portugal, Vítor Constâncio, para tentar perceber o que se passava com o BPN. O PSD anunciou, entretanto, um requerimento para pedir esclarecimentos sobre o tema. Ontem, o vice-presidente do Banco Central Europeu fez uma conferência de imprensa em Atenas para reagir, dizendo que não se lembra de qualquer reunião convocada por Barroso para falar “apenas” sobre o BPN.
Embora admita, à Antena 1, que o Banco de Portugal teve responsabilidades no processo (que
culminou na nacionalização da instituição financeira, que tinha uma contabilidade escondida), Silva Lopes frisou que estes casos de crimes financeiros ocorreram também noutros países.
Na carta que assina com outros ex-governadores do banco central (Teodora Cardoso, Miguel Beleza, Artur Santos Silva e Emílio Rui Vilar), publicada pelo jornal “Público”, Vítor Constâncio é defendido já que todos esclarecem que “a supervisão bancária não é um sistema de investigações de crimes financeiros”. Miguel Beleza falou à Lusa para defender esta visão e acrescentar que a actuação de Constâncio a “foi aquela que era possível tomar”.