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PS chega aos 108 deputados com votos da emigração. PSD sobe para 79
Contabilizados os votos dos círculos da emigração, o PS garantiu dois dos quatro mandatos em disputa, enquanto o PSD ficou com os outros dois.
Uma semana e meia depois das legislativas de 6 de outubro, estão finalmente distribuídos todos os 230 assentos parlamentares da Assembleia da República.
Dos quatro lugares ainda em disputa, dois ficaram para o PS e outros dois para o PSD, segundo os resultados divulgados pelo Ministério da Administração Interna depois da contagem dos votos que decorreu na quarta-feira no Casal Vistoso em Lisboa. Pelo PS foram eleitos Augusto Santos Silva e Paulo Alexandre de Carvalho Pisco e pelo PSD José de Almeida Cesário e Carlos Alberto Silva Gonçalves.
No que toca à relação de forças no Parlamento, não há nenhuma alteração que decorra da distribuição destes quatro mandatos. O PS reforça a maioria relativa já detida, continuando a não se bastar para recolher apoio maioritário.
Mesmo com 108 deputados, e sem contar com uma improvável e difícil conjugação de abstenções dos partidos mais pequenos, os socialistas precisarão sempre de assegurar, pelo menos, o apoio/abstenção dos parlamentares do Bloco de Esquerda ou do PCP (ou ainda do PSD) para aprovarem medidas.
Por sua vez, o PSD chega aos 79 deputados e apesar de atenuar o mau resultado eleitoral de 6 de outubro, mantém Rui Rio como o líder a registar o segundo mais baixo número de mandatos eleitos pelos sociais-democratas.
Veja aqui quem são os 230 deputados eleitos para a Assembleia da República.
PS com mais votos no estrangeiro
Nos círculos Europa e Fora da Europa, o PS foi o que obteve mais votos. Atingiu 26,24%, o que corresponde a 41.525 votos. Já o PSD ficou com 23,42% dos votos, que corresponde a 37.060 eleitores.
Os votos do estrangeiro também alteraram ligeiramente os resultados finais da votação em termos de percentagem. Os resultados globais mostram que o PS ganhou com 36,34% , enquanto o PSD ficou-se pelos 27,76%.
Tendo em conta apenas os resultados do território nacional, o PS tinha atingido 36,65% dos votos, enquanto o PSD tinha ficado com 27,90%.
Também o número da abstenção subiu com a contabilização dos círculos dos emigrantes, o que já era expectável sobretudo devido ao recenseamento automático. Seja como for, estas foram as quartas legislativas consecutivas em que a taxa de abstenção atingiram um valor recorde.
Tendo com conta o território nacional, a abstenção foi de 45,49%. Juntando os círculos da emigração, a abstenção das legislativas foi de 51,43%. No estrangeiro, onde estavam inscritos 1,46 milhões de eleitores, votaram 158 mil, o que corresponde a uma abstenção de 89,21%.
Quem são os deputados que representam os emigrantes?
Do lado do PS, Paulo Pisco, de 58 anos, já esteve no Parlamento Europeu, como assessor, e a sua experiência fora de portas valeu-lhe uma condecoração dada pelo Governo do Luxemburgo pelo seu trabalho no reforço das relações entre Portugal e o Grão-Ducado. Esta é a quinta vez que Paulo Pisco, ex-jornalista, é eleito para o Parlamento nacional, em representação do círculo da Europa.
Já Augusto Santos Silva é ministro dos Negócios Estrangeiros, cargo que deverá manter no próximo Executivo de acordo com a lista apresentada por António Costa e aprovada pelo Presidente da República. Depois de ter sido eleito deputado por três vezes a partir do círculo do Porto, desta vez Santos Silva chega ao Parlamento pelo círculo Fora da Europa.
Contudo, só foi deputado durante uma legislatura (2002-2005). Com 63 anos, é um dos socialistas que mais vezes foi ministro com pastas diferentes: Educação (2000-2001), Cultura (2001-2002), Assuntos Parlamentares, Defesa (2009-2011) e Negócios Estrangeiros no Governo de António Costa (2015-2019). Antes destes cinco cargos foi Secretário de Estado da Administração Educativa (1999-2000).
Do lado do PSD, José Cesário foi secretário de Estado das Comunidades Portuguesas entre 2011 e 2015. Licenciado em Administração e Gestão Escolar, foi professor do Ensino Básico. Venceu o 12.º mandato como deputado.
Já Carlos Gonçalves foi secretário de Estado das Comunidades Portuguesas enquanto Pedro Santana Lopes foi primeiro-ministro (2004-05). Tornou-se técnico superior dos quadros da ação externa do Ministério dos Negócios Estrangeiros.