Outros sites Medialivre
Notícias em Destaque
Notícia

Perfil de Sampaio da Nóvoa "recomenda-o em especial" para embaixador na UNESCO

Numa resolução do Conselho de Ministros, o Governo volta a justificar a polémica escolha do ex-candidato presidencial para o cargo em Paris, que por tradição é exercido por diplomatas.

  • 6
  • ...

O Governo português entende que as qualificações de António Sampaio da Nóvoa, ex-candidato presidencial que nessa eleição contou com o apoio de grande parte do aparelho do PS, o "recomendam em especial para o desempenho do cargo" de representante permanente de Portugal junto da UNESCO – Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura.

 

Na resolução do Conselho de Ministros sobre a nomeação do chefe de missão nesta organização do sistema das Nações Unidas, com sede em Paris, o Executivo destaca o "percurso académico exemplar, pelo reconhecido mérito do seu trabalho docente e da sua obra científica", e a "vasta experiência que tem na área de gestão e direcção de instituições académicas e culturais".

 

"Trata-se, também, de uma pessoa dotada de um conhecimento próximo do trabalho desenvolvido pela UNESCO, organização com a qual colaborou no passado recente" [entre 2013 e 2014 integrou uma missão em Brasília]", refere ainda o diploma publicado em Diário da República esta terça-feira, 20 de Fevereiro, assinado pelo primeiro-ministro, António Costa.

 

A nomeação deste professor catedrático, que entre 2006 e 2013 foi reitor da Universidade de Lisboa, foi contestada desde logo pela Associação Sindical dos Diplomatas Portugueses, que manifestaram "completa surpresa e estranheza" perante esta escolha e até pediram para o Executivo socialista para reconsiderar a decisão.

 

Em comunicado emitido no início de Fevereiro, a direcção da ASDP argumentou que a representação de Portugal no exterior "deve assentar no exercício profissional do ofício diplomático, que se aprende e treina durante uma vida dedicada ao serviço público".

 

Ora, após Augusto Santos Silva ter respondido que "a nomeação de embaixadores que não são diplomatas, na tradição portuguesa, é absolutamente excepcional", nesta resolução é citado o estatuto profissional dos funcionários do quadro do serviço diplomático, para sustentar que "consagra a possibilidade de uma chefia de representação poder excepcionalmente ser confiada a individualidades não pertencentes ao quadro diplomático, quando as suas qualificações as recomendem em especial para o exercício do cargo".

 

Regresso à UNESCO no pós-troika

 

Independentemente da polémica, certo é que Portugal voltará a ter representação permanente na UNESCO, já que o anterior Governo tinha prescindido de embaixador na organização durante o período da troika, passando o país a estar representado ali pelo embaixador português em França.

 

A decisão acontece também depois de, em Novembro de 2017, Portugal ter garantido a eleição para o conselho executivo da UNESCO – o país já tinha sido eleito para este órgão da instituição entre 2007 e 2009 –, terminado este mandato em 2021. Ano de eleições para a Presidência da República, cargo a que Sampaio da Nóvoa já admitiu poder voltar a candidatar-se.

 

A adesão de Portugal à UNESCO aconteceu em 1965, tendo havido um interregno entre 1972 e 1974, período em que o país abandonou a organização multilateral. Em 1975 foi criada a delegação permanente de Portugal junto da instituição internacional.

Ver comentários
Saber mais Política diplomacia Sampaio da Nóvoa UNESCO embaixador Paris nomeação Governo António Costa Augusto Santos Silva
Outras Notícias
Publicidade
C•Studio