Pedro Nuno Santos, secretário-geral do PS, defendeu esta segunda-feira que não está a favor da formação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito ao caso das gémeas conforme propôs o Chega na semana passada na Assembleia da República. O socialista defende que esta é uma forma de "desvalorizar o Parlamento" que "nada acrescenta ou ajuda".

"Nós temos uma Assembleia da República. Nós estamos a desvalorizar o Parlamento. Nós temos a Assembleia da República, nós temos comissões parlamentares. Uma comissão parlamentar de inquérito não tem poder para chamar o Presidente da República. Eu percebo que a comunicação social queira um Parlamento cheio de comissões parlamentares de inquérito. Isso aí nada acrescenta ou ajuda ou resolve qualquer problema", defendeu o líder socialista em entrevista à TVI/CNN Portugal.

O líder socialista reconheceu também que este caso pode pôr em causa a credibilidade nas instituições por ser necessário "assegurar que todos os cidadãos são tratados de forma equitativa no acesso aos serviços públicos".

"Concordo que este caso põe em causa essa credibilidade. Obviamente que há dúvidas, e isso gera um sentimento de injustiça no acesso aos serviços públicos. E por isso não há qualquer hesitação sobre essa matéria. Agora, há um relatório produzido pela Inspeção-Geral de Saúde e há investigações em curso por parte do Ministério Público", frisou.

Pedro Nuno Santos lembrou também as comissões parlamentares de inquérito apresentadas por outros partidos como o PCP (sobre a privatização da ANA) ou o Bloco de Esquerda e o PAN (sobre a gestão do Global Media Group): "Nós não podemos estar sistematicamente a reduzir o Parlamento e a atividade parlamentar a comissões parlamentares de inquérito, umas atrás das outras".

O Chega anunciou na última quinta-feira que iria avançar com um pedido para a constituição de uma comissão parlamentar de inquérito ao caso das gémeas luso-brasileiras que foram tratadas no Hospital de Santa Maria, em Lisboa.

(atualizado às 21:45)