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Passos: "Ideia de certa abundância vai-se pagar mais lá para a frente"

O líder do PSD acredita que os portugueses "sabem que o país não ficou rico de um dia para o outro". Depois de quatro anos à frente do Governo, mantém a opinião de que o Estado é "um mau dono de empresas".

Miguel Baltazar
05 de Dezembro de 2016 às 12:03
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Pedro Passos Coelho voltou a avisar para os efeitos a médio prazo da política económica seguida pelo Executivo liderado por António Costa, antecipando que "a ideia que o Governo está a transmitir de uma certa abundância vai-se pagar mais lá para a frente".

 

Num debate organizado esta segunda-feira, 5 de Dezembro, pelo jornal digital Eco, o presidente do PSD reconheceu que os portugueses "estão hoje a viver um ambiente de certa descompressão", mas "sabem que o país passou por um período difícil e que não ficou rico de um dia para o outro".

 

"Este Governo promete prolongar as chamadas cativações permanentes com mais 500 milhões de euros em 2017. Não sei o que isto significa em termos de aquisição de bens e serviços, mas tenho a certeza que vai custar a qualidade dos serviços. (…) Esta estratégia não é sustentável. Só sairemos do Procedimento por Défices Excessivos com um plano B que o Governo não admite ter", referiu.

 

O antigo primeiro-ministro contestou as garantias do ministro das Finanças de que a execução orçamental estava em linha com o programado, contrapondo um desvio de 940 milhões de euros no primeiro semestre, acrescentando que o Governo socialista só irá cumprir as metas orçamentais no final deste ano com recurso a medidas extraordinárias.

 

No plano político, o ex-governante que se diz "confortável" como líder da oposição – apesar dos recentes rumores sobre futuras candidaturas à liderança do PSD – antecipou que "não será fácil" vencer as eleições autárquicas previstas para o Outono de 2017. Já em relação às sondagens que colocam o partido a larga distância dos socialistas, Passos respondeu que "se tivesse olhado [para elas] não teria ganho as eleições" legislativas no ano passado.

 

Silêncio e privados na Caixa

 

A polémica na Caixa Geral de Depósitos tem dominado a agenda do PSD nas últimas semanas e o presidente do partido voltou a criticar o Governo por ter demorado "demasiado tempo" a substituir António Domingues e por "não [dar] nenhuma explicação" sobre o montante e o motivo para as necessidades de capital ou sobre o calendário da recapitalização. Porém, arriscou que pode ascender a três mil milhões de euros e que não avançará até ao Verão.

 

Confrontado nesta sessão com o livro publicado em 2010, em que defendeu a entrada de accionistas privados no banco público, Passos Coelho mantém a opinião de que o Estado é "um mau dono de empresas". E garantiu que se tivesse tido necessidade de recapitalizar a Caixa e "não houvesse disponibilidade pública, não excluiria a possibilidade de recorrer a privados", desde que essa participação não excedesse 49% do capital.

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