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Partidos consideram “tardia” a saída de Temido e exigem “mudança de políticas” para o SNS

Da esquerda à direita, todos os partidos com assento parlamentar consideram que as políticas seguidas no setor da Saúde são responsabilidade de todo o governo que acusam de degradar o SNS.

Marta Temido fala em “alguns avanços” já na segunda quinzena de junho.
Miguel A. Lopes/Lusa
30 de Agosto de 2022 às 11:24
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Os partidos com assento parlamentar consideram que a saída de Marta Temido do governo foi "tardia" e pedem "sinais claros" de "mudança de políticas" para o SNS.


Horas depois da demissão da ministra da Saúde – que deixa o cargo cinco meses depois da tomada de posse – o PSD, através do vice-presidente Miguel Pinto Luz, salienta que a saída de Temido "representa a falência da política de Saúde do governo PS" e que "peca por tardia".


Para o PSD, que já tinha pedido a demissão da ex-ministra, "este Governo tem na Saúde uma marca de arrogância, de desrespeito, de cegueira ideológica e de falta de soluções", tendo desenvolvido uma polícia de Saúde em que "o custo cresceu", mas em que "a qualidade do serviço em muito diminuiu".


A saída de Marta Temido acontece depois da morte de uma grávida em Lisboa, numa altura de greves dos médicos nas urgências de Ginecologia/Obstetrícia dos hospitais e na sequência de mais de mil médicos de 45 unidades, de norte a sul do país, terem entregado, este ano, à Ordem pedidos de escusa de responsabilidade no Serviço Nacional de Saúde por falta de condições na prestação dos cuidados de saúde.


"Foram gastos milhões e milhões de euros, mas as urgências estão fechadas, as consultas, exames e operações adiadas. Os profissionais de saúde debandam do Serviço Nacional de Saúde", criticou o social-democrata.


Já o Bloco de Esquerda salienta que "uma linha de continuidade na saúde é o desastre" e mudar de ministro da Saúde "sem mudar a política não adianta absolutamente nada", responsabilizando todo o governo pela perda de capacidade do SNS.     


"A responsabilidade da perda de condições do SNS e da perda das suas valências não é a responsabilidade de uma ministra, é a responsabilidade de todo um governo que decidiu não investir na capacidade instalada do SNS, que decidiu não acordar condições de trabalho para que os seus profissionais, formados no SNS, ficassem no SNS", criticou a líder bloquista, Catarina Martins, durante uma conferência de imprensa na sede do partido.


Para a líder bloquista "não há tempo a perder" salientando que o SNS "precisa de investimento e de profissionais com condições".

Na mesma linha que o BE, também o PCP defende que mais importante do que a demissão da ministra da Saúde é saber se o governo vai apresentar "soluções fundamentais" para valorizar as carreiras e salários dos trabalhadores do SNS, salientado a necessidade da aplicação de um regime de dedicação exclusiva.


Em conferência de imprensa na Assembleia da República, a líder parlamentar comunista, Paula Santos, sustentou que a demissão de Marta Temido revela "a necessidade de uma outra política na área da saúde".

Por sua vez, a Iniciativa Liberal considera que o primeiro-ministro deve explicações ao país sobre a demissão da ministra da Saúde, defendendo que se António Costa optar por uma solução de continuidade permanecerá como "o maior responsável pelo estado calamitoso do SNS".


Na opinião do liberal, "não é possível dizer se esta demissão é uma boa ou uma má notícia para aqueles portugueses que não têm alternativa senão recorrer aos serviços públicos de saúde", mas é preciso perceber os motivos alegados por Marta Temido no momento da demissão, lê-se em comunicado.


Também o Livre, em comunicado, considera que a demissão da ex-ministra revela "a incapacidade de fazer face aos muitos sinais de disfuncionamento e degradação" do SNS e exige ao primeiro-ministro "sinais claros" da estratégia para o setor da Saúde.


"Sem uma ação decisiva na defesa do SNS e sem um governo com a coragem de tomar medidas que invertam a situação crónica de suborçamentação de que padece, quem quer que venha a suceder a Marta Temido poderá não vir a ser senão um gestor do declínio do SNS",  sublinha o partido liderado por Rui Tavares.

Fora do universo parlamentar, CDS diz que a saída de Marta Temido do elenco governativo já se justificava "há muito", mas alerta, também, que a mudança do titular da pasta não resolve os problemas estruturais do Serviço Nacional de Saúde.

Em declarações à Lusa, o presidente dos centristas, Nuno Melo, salienta que "a mudança de rosto não resolve um único problema estrutural do SNS".


Agora, é preciso definir "quais as alterações de postura, as decisões, as medidas propostas por este governo em relação à saúde que melhorem aquilo que atualmente temos, que é um SNS em estado de pré-falência, numa situação que se agravou profundamente desde 2015 por incompetência que é própria", considera Nuno Melo.


Fonte próxima do primeiro-ministro já fez saber que a substituição "não será rápida" e que António Costa gostaria que a ministra demissionária concluísse o processo de definição da nova direção executiva do SNS.


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