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Morreu Freitas do Amaral, fundador do CDS

Freitas do Amaral morreu aos 78 anos. Foi presidente e fundador do CDS, ocupou durante um ano a presidência da assembleia-geral das Nações Unidas e foi também ministro dos Negócios Estrangeiros.

Meriline Alves
03 de Outubro de 2019 às 13:25
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Morreu Freitas do Amaral, fundador do CDS, esta quinta-feira, 3 de outubro, aos 78 anos, avança o Observador e o Expresso. Era jurista e professor catedrático de Direito.

O ex-presidente do CDS esteve internado durante duas semanas em Cascais. Segundo a Lusa, o político encontrava-se nos cuidados intermédios. 

Freitas do Amaral fez parte de governos da Aliança Democrática (AD), entre 1979 e 1983, e mais da tarde do PS, entre 2005 e 2006, após ter saído do CDS em 1992. Nasceu na Póvoa de Varzim em 21 de julho de 1941.

Governo decreta luto nacional
O desaparecimento de Freitas do Amaral não deverá implicar grandes alterações nas ações previstas pelos partidos para este penúltimo dia da campanha eleitoral. As forças políticas contactadas pelo Negócios disseram que mantêm o programa definido para esta quinta-feira, sendo improvável o cancelamento de qualquer ação.
 
Além das declarações sobre a morte do fundador do CDS, o PS pretende fazer um minuto de silêncio em homenagem a Freitas do Amaral durante a arruada prevista para a Avenida Duque de Ávila.

Já o Governo decidiu decretar luto nacional. "O Governo decretará Luto Nacional coincidente com o dia do funeral, o que será acertado nas próximas horas e de acordo com a indicação da sua família", anunciou o Executivo em comunicado. Mais tarde, o Governo aprovou através de um Conselho de Ministros eletrónico o dia de luto nacional para dia 5 de outubro, o dia em que se celebra a Implantação da República Portuguesa.

No mesmo texto, António Costa deixa uma mensagem "a título pessoal, e como seu antigo colega de Governo": "Não posso deixar de recordar o muito que aprendi com o seu saber jurídico, a sua experiência e lucidez política e o seu elevado sentido de Estado e cultura democrática, que sempre praticou", afirma o primeiro-ministro.

Do lado do CDS, Assunção Cristas pediu para se fazer um minuto de silêncio num almoço dos centristas em Barcelos. A líder do CDS evocou o passado de Diogo Freitas do Amaral, como fundador, e "a coragem" necessária para defender as ideias do partido no período pós-25 de Abril de 1974.

Em nota de pesar pela morte de Freitas do Amaral, o CDS refere que o seu desaparecimento "deixa de luto a democracia portuguesa, que ajudou a fundar e a consolidar", e destaca o mérito que aquele teve em trazer para o debate político nacional "os princípios da democracia-cristã europeia".

Rui Rio também elogiou o centrista num discurso em Vila Nova de Gaia. "Queria deixar aqui uma palavra de homenagem: Nem sempre o PSD esteve de acordo com ele, nem ele com o PSD, mas nos momentos importantes o doutor Freitas do Amaral foi um aliado", afirmou o líder dos social-democratas, prestando-lhe uma homenagem. 

Marcelo expressa "gratidão nacional para o que foi o papel histórico" de Freitas
O Presidente da República também já reagiu à morte de Freitas do Amaral numa nota publicada no site da Presidência: "O Presidente da República, que, além do mais, perdeu um grande amigo pessoal de meio século, apresenta à sua Família a expressão de grande saudade, mas, sobretudo, da gratidão nacional para o que foi o papel histórico de ter sido aquele dos Pais Fundadores a integrar a direita conservadora portuguesa na Democracia constitucionalizada em 1976".

Marcelo Rebelo de Sousa refere a dívida que Portugal tem para com o centrista face a "intervenções decisivas na primeira revisão constitucional e na feitura de diplomas estruturantes", a representação externa do país e "uma vida devotada à Educação, na Universidade, onde foi Mestre A Diogo Freitas do Amaral deve a Democracia portuguesa o ter conquistado para a direita um espaço de existência próprio no regime político nascente, apesar das suas tantas vezes afirmadas convicções centristas", complementa Marcelo.

No final de junho deste ano, Freitas do Amaral lançou o seu terceiro livro de memórias políticas, intitulado "Mais 35 anos de democracia - um percurso singular", que abrange o período entre 1982 e 2017, editado pela Bertrand.

Nessa ocasião, em que contou com a presença do Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, o primeiro líder do CDS e candidato nas presidenciais de 1986 recordou o seu "percurso singular" de intervenção política, afirmando que acentuou valores ora de direita ora de esquerda, face às conjunturas, mas sempre "no quadro amplo" da democracia-cristã.

(Notícia atualizada às 17h44 com o comunicado do Conselho de Ministros)
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