Outros sites Medialivre
Notícias em Destaque
Notícia

Marisa Matias diz ter "posições radicalmente opostas" a Marcelo sobre Novo Banco e SNS

A candidata à Presidência da República Marisa Matias apontou hoje o Novo Banco e Serviço Nacional de Saúde (SNS) como matérias em que tem "posições radicalmente opostas" a Marcelo Rebelo de Sousa, o seu "principal adversário" nas eleições.

Paulo Novais/Lusa
08 de Dezembro de 2020 às 07:27
  • 2
  • ...
Entrevistada pela TVI, Marisa Matias, eurodeputada, 44 anos, reconheceu que o atual Chefe de Estado foi "exemplar" no apoio a questões sociais como o dos cuidadores informais e dos sem-abrigo, mas demarcou-se claramente de Marcelo Rebelo de Sousa quanto à forma de resolver os problemas ligados ao SNS e ao Novo Banco, cujos negócios "ruinosos" elencou, com ênfase para a venda da seguradora Fidelidade ao grupo Apolo, que revendeu a seguradora, com um lucro de mais de 500 milhões de euros.

Ainda sobre o Novo Banco, Marisa Matias, que nas últimas presidenciais obteve quase meio milhão de votos, lembrou que já tinha uma "posição radicalmente oposta" à de Marcelo Rebelo de Sousa quanto ao BANIF, diferença que se repete agora em relação ao problema do Novo Banco, em que "o Estado está a cumprir o contrato e a outra parte não".

Nas palavras da candidata apoiada pelo BE, o negócio do Novo Banco - do fundo de resolução à venda - "foi tudo mal feito" e existem todas as razões para "desconfiar que não está a correr bem" a gestão bancária que tem levado o Governo a injetar muitos milhões naquele banco saído do antigo BES.

Considerando que o processo do Novo Banco tem sido "ruinoso", Marisa Matias disse ser fundamental apurar se as normas contratuais do negócio que envolve a instituição estão a ser cumpridas, após o entrevistador Miguel Sousa Tavares ter aludido a uma auditoria pedida ao Tribunal de Contas.

Quanto ao SNS, Maria Matias demarcou-se também de Marcelo Rebelo de Sousa, criticando-o por utilizar a sua posição institucional para "insistir na manutenção dos privados no SNS", quando, durante a pandemia, os privados "foram os primeiros a fechar as portas a mulheres grávidas" e a outras pessoas infetadas com covid-19.

Segundo a candidata, o país tem de utilizar toda a capacidade instalada (nos serviços de saúde), mas "o comando tem de estar no SNS" e não nos privados, criticando o sistemático desinvestimento no SNS, situação que levou que hoje existam algumas centenas de médicos a menos do que aqueles que existiam no início da pandemia.

"Precisamos de salvar o SNS e precisamos de mais médicos", sublinhou, negando ter qualquer preconceito ideológico para com os privados, embora reiterasse as críticas ao comportamento que estes tiveram na primeira vaga da pandemia.

Em relação à candidata Ana Gomes, disse ser sua amiga e lembrou que com ela partilhou uma luta na União Europeia contra a evasão fiscal e o funcionamento das 'offshores', mas observou que ambas diferem em assuntos ligados à defesa dos serviços públicos, política orçamental europeia e política de Defesa.

Confrontado com o problema da TAP e da sua reestruturação, Marisa Matias disse "não conhecer em detalhe os planos de recuperação", reconheceu que "houve muitos erros" de gestão no passado e defendeu que é "necessário discutir o que está a correr mal", tudo isto na perspectiva de criar um "projeto de companhia [de aviação] adequado aos novos tempos e que sirva a comunidade portuguesa espalhada pelo mundo", por forma ser um "instrumento de sobenania" nacional.

Na entrevista, a candidata apoiada pelo BE defendeu o "fecho da offshore da Madeira", recordando que defendeu sempre que "não deviam existir offshores", em que a lógica é esconder os lucros das grandes empresas e fugir às obrigações fiscais, situação que "não serve às pessoas e à economia".

A reestruturação da dívida portuguesa e a resposta que deu ao deputado André Ventura que a apelidou de "candidata marijuana e Madre Teresa de Calcutá" foram outros tópicos da entrevista, tendo Marisa Matias reiterado que Ventura é "vigarista" porque "engana as pessoas", "mentiroso" porque apoiou um Governo nos Açores com base no ataque aos pobres e acrescentou que aquele deputado de "extrema-direita" é também um "troca-tintas" como recentemente se presenciou no Parlamento na discussão da proposta relativa ao Novo Banco.
Ver comentários
Saber mais SNS Marisa Matias TVI Marcelo Rebelo de Sousa Novo Banco André Ventura
Outras Notícias
Publicidade
C•Studio